"Dar murro em ponta de faca? Não, obrigado. Fiz as unhas hoje"

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Agome
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Olá queridas (os), li esse texto em uma coluna do site yahoo e achei muito bacana , acho que é algo que acontece muito. Boa leitura


Por:ARTHUR HENRIQUE CHIORAMITAL

Disponível em:http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/dar-murro-em-ponta-faca-n%C3%A3o-obrigado-fiz-140910390.html


"Dar murro em ponta de faca? Não, obrigado. Fiz as unhas hoje"


“Não consigo lidar com o assédio que você sofre. Sério. Tenho um milhão de inseguranças e as mensagens que você posta, as conversas que tem, as frases que escreve e as respostas que recebe fazem soar todos os alarmes que existem dentro de mim. E dói. E não era para doer. Minhas encanações pertencem a mim e a ninguém mais. Reconheço isso e não estou jogando esse peso nas suas costas. Eu carrego meus próprios pianos. Por isso não acho certo demandar o que quer que seja de você. Não acho certo pedir que você mude seu comportamento. Que você deixe de dizer o que pensa e fazer o que gosta porque eu tenho dificuldade em confiar nas pessoas. Porque isso só nos levaria a perda da espontaneidade. O bom de construir uma história com alguém é poder existir da forma mais plena possível. Sem as máscaras e os filtros que a sociedade vez ou outra nos impõe. É nesse tipo de amor que eu acredito. É esse tipo de relacionamento que eu procuro e eu não acho que seja esse o caminho que estejamos seguindo.”

Foi exatamente com essas palavras que eu terminei um relacionamento alguns anos atrás. Não dei o pé na bunda por escrito. Mas foi esse o jeito que eu encontrei para organizar as ideias o mínimo possível na tentativa de explicar porque estava pulando fora de uma história que ainda estava viva, mas que dava provas cotidianas de que não estava funcionando. Há quem diga que eu fui covarde e eu não posso culpa-los por chegar a essa conclusão. Mas eu me pergunto de onde tiramos a ideia de que precisamos continuar descendo mesmo quando já é possível enxergar o fundo do poço. É realmente necessário seguir espremendo a laranja na esperança daquela última gota de suco quando tudo indica que o que há ali é apenas bagaço? Eu penso que não.


Toda história tem altos e baixos. Ignorar isso na esperança de viver um conto de fadas é se iludir e pedir para se decepcionar e sofrer. O ponto é quando os altos não compensam os baixos e a média fica aquém do que seria necessário para nos fazer felizes. Quando a gente passa mais tempo discutindo do que construindo a relação ou mais tempo fazendo as pazes do que planos é porque tem alguma coisa bem errada.

Precisamos apagar do nosso ideário a figura da heroína romântica que come o pão que o diabo amassou para conquistar o direito de ser feliz com o grande amor da vida dela. Gente, isso é coisa de novela. O sofrimento não é uma etapa obrigatória no caminho para a felicidade. Um bom relacionamento não se conquista com lágrimas e brigas. Mas com conversa, amor e o desejo de fazer o outro feliz sem que isso signifique se violentar.

O que eu quero dizer é que se o sujeito parece ser pouco confiável, se as visões que vocês têm de mundo soam inconciliáveis, se os valores são opostos e se os projetos de vida dos dois não apontam para direções minimamente próximas, vocês têm problemas, não é coisa da sua cabeça. Convém avaliar se o que mantém o casal junto é realmente afeto ou “apenas” doses cavalares de teimosia e sentimento de posse. Geralmente é a segunda opção. Acreditem em mim.

Não estou dizendo que os relacionamentos nascem prontos. Pessoas são um mistério. Fazer o outro feliz e ser feliz com ele é um enigma ainda maior. Encontrar respostas para isso tudo é difícil para caramba. Mas uma coisa é o esforço inerente ao processo de evolução da história a dois. Outra, muito diferente, é ficar andando em círculos, dando murro em ponta de faca e brigando sempre pelas mesmas coisas.

Vocês estão juntos há algum tempo, mas as questões seguem se repetindo como nos primeiros dias? Vocês já conversaram, se comprometeram com a mudança, mas nada aconteceu? Amiga, se você respondeu “sim” para uma dessas perguntas, tenho uma notícia ruim para te dar: vocês não combinam. Não é que você curta sertanejo e ele Rock, ou que você prefira gatos e ele cães. O buraco é mais embaixo. A forma como vocês veem o mundo é diferente e é impossível construir um relacionamento sem caminhar juntos na mesma estrada. Desse jeito, o máximo que vocês vão conseguir são duas solidões acompanhadas.

Ok, sempre é possível fazer um esforço hercúleo e se virar do avesso para tornar o relacionamento possível. Mas, na boa, se nenhum dos dois apresenta desvios sérios de comportamento ou caráter, porque vocês precisariam nascer de novo para continuarem juntos? Não seria muito mais honesto admitir que não vai rolar?

Você vai precisar de muita coragem para terminar esse relacionamento apesar dos problemas que ele tem? Provavelmente. Você vai sofrer com o término? Com certeza. Os problemas vão sumir e você vai sentir uma vontade louca de voltar para o “homem da sua vida” assim que se perceber sozinha? Não tenha dúvida. Mas pensa que toda essa dor traz com ela um milhão de possibilidades. Porque você estará se preparando para encontrar alguém que te fará feliz da forma que você é, sem ter que se "transformar" em outra pessoa.. E isso, minha cara, faz quase tudo valer a pena."


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Nary
No PF desde: 20/08/2008

Gostei, do texto...


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carolrocha
No PF desde: 28/11/2012

Um ótimo texto.