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Você nunca se sentiu como um cachorro, correndo em círculos, tentando pegar o rabo e não conseguindo nunquinha?

Pois é, às vezes tenho a sensação de estar andando numa rotatória, que não chega a lugar nenhum.

Pense bem, não parece que estamos sempre brigando pelos mesmos e velhos motivos? Pior, sempre com as mesmas pessoas?

Esses dias li uma crônica perfeita da escritora Martha Medeiros, intitulada A Síndrome da Repetição.

Nela, a autora coloca que estamos sempre discutindo pelos mesmos temas, como numa espécie de repetição – sejam com nossos pais, namorados, maridos, filhos...

Com cada qual deles, não há batalhas novas para serem acertadas, vira e mexem, as brigas acabam sempre sendo pelos mesmos motivos.

Costumo consultar um terapeuta em tempos mais difíceis, para ter um aparo emocional e me vejo também sempre batendo o mesmo tom de tambor.

Seria só gravar algumas consultas e enviar ao médico. As próximas, apenas apertar tecla “replay”, pois é sempre a mesma ladainha, com uma variante aqui ou ali.

Será que ele faz desconto se, não for eu a ocupar a cadeira e sim um gravador? Além de economizar uma grana, renderia meu tempo!

Mas, falando sério, será que nossos problemas têm tecla de repetição viciada e nossas aflições são de um apego infinito?

Minha irmã, coitada, sempre ouve com a mesma atenção o meu discurso repetitivo como se fosse a primeira vez que estivesse falando.

Alguns dias passados, enquanto caminhávamos juntas, acho que ela, um tanto saturada, soltou o verbo: - “Mana, este é um assunto que você queixa já há uns bons anos!”

Fiquei muda, perplexa! Quer dizer que parei na minha história há tantos anos assim? E o disco continua tocando a mesma música? E, para mim, não resolvida?

Tenho muitas amigas e comecei a perceber que, passa o tempo e os demônios que continuam a assombrá-las são os mesmos de sempre.

Pensem vocês? Também não brigam, discutem com as mesmas pessoas, pelas mesmas queixas de sempre?

Tomara que sim, caso contrário serei eu, algumas amigas e a Martha Medeiros que não conseguimos sair de traz da própria cola...

E, quanto ao meu repertório batido, não acredito em causas perdidas, por ele (o tema da repetição), vou lutar ou desistir de vez...

Publicado originalmente em 2011