Sou filha única.

Tenho muito amor por minhas grandes amigas, penso que deve ser mais ou menos assim o sentimento entre irmãos ou talvez bem diferente, mas como nunca senti, na verdade nunca saberei dizer.

Cada vez mais as famílias estão tendo apenas um filho, é uma tendência mundial. Seja por custo, por separações, ou por escolha mesmo.

Sei que a vida para muitos é justa, mas se pudesse opinar, diria que dessem a chance da irmandade a seus filhos.

Seria tão mais fácil para aprenderem as lições da vida... digo que penei em algumas questões, aprendi, mas muito mais tarde do que todos os amigos que tiveram irmãos. Esses, negociavam desde pequenos, seja o carinho dos pais, a divisão dos brinquedos ou até mesmo um doce. Eu tinha tudo pra mim! Quando esbarrei no mundo e vi que nem todo carinho e nem toda atenção era minha, eu sofri. Como uma boa menina, logo tratei de me defender e vencer essas barreiras. Um caminho mais árduo, mas não menos valorizado.

Os irmãos me tornariam mais tolerante, pois nem todos os meus desejos seriam atendidos, ainda hoje, a frustração é um problema para mim, se bem, ela é problema para quase toda humanidade uauauauaua...

Outro aprendizado entre irmãos são as brigas, se odeiam por um dia, mas no dia seguinte estão a correr de mãos dadas, quer lição melhor de que o amor sempre vencerá o ódio.

Por mais zelosos que meus pais foram, conseguiram impor limites, e isso para um filho é fundamental, principalmente sendo único, para que possa lidar bem com a rejeição quando adulto. Vivi rodeada de amigas da rua, da escola e do esporte, nunca me senti só. Mas hoje, me agradaria muito poder ligar para uma irmã ou irmão e compartilhar sentimentos, fazer programações e até dividir problemas familiares que sobre caem em minhas costas.

Acredito que o esporte tenha suprido em parte a falta de irmãos, consegui cultivar o espírito coletivo e laços de amizades que duram até hoje. Viajava e estava com o grupo quase todos os finais de semana, aprendi a ser independente, lutar por objetivos e ser forte emocionalmente, essa é uma boa dica aos pais que fizeram a opção do rebento único.

Esses dias em um aniversário, li em um diário que rodava por lá, a carta de uma irmã para a outra que estava grávida, palavras tão doces, tão cheias de amor, de cumplicidade, de algo que só irmãos poderiam escrever, por terem crescido em uma mesma casa e vivido tantas coisas juntas. Naquele momento chorei e vi que nunca poderia escrever ou receber algo assim, sei que em minha vida há muitas outras grandes emoções e agradeço por isso, mas por essa, em especial, eu não vou passar.

Dudy

Postado em:
01 de outubro/2009