Queria muito ser uma, mas acho que não é a minha praia.
A não ser que o fato de eu amar tudo que tem oncinha, me classifique como tal.

Moro numa cidade relativamente pequena, onde as peruas aparecem demais, ou talvez seja ao acaso que haja realmente uma concentração de peruetes maior na minha zona...

Quando vou ao mercado, encontro sempre amigas e conhecidas de salto alto, maquiadas e bem vestidas.
Óbvio que fico me achando um lixo, pois além de não ter o hábito de me maquiar, saio pra rua numa composição que pra mim parece ideal: jeans, regata e havaiana.

Na minha ignorância, penso que fica mais confortável fazer as compras do mercado assim, sem muitas frescuretes.
E também, confesso que bate o bicho preguiça pra me arrumar...

Minhas amigas conversam comigo e disfarçadamente dão uma olhadela de desaprovação no meu pobre look.

Elas têm razão, eu deveria investir mais no visu!
Mas sou uma acomodada de marca maior!

Por falar em marca, acho bizarro ver algumas peruas que se vestem de marca falsificada e pensam que ninguém percebe.
Elas têm o topete de comprar Rolex em camelódromo no exterior e desfilar como se o relógio fosse legítimo.
Pelo menos, minhas havaianas eu garanto que são legítimas!

Nada contra as peruas, muito pelo contrário.
Tenho a maior admiração de quem consegue se equilibrar num salto alto e passar o dia inteiro pra lá e pra cá.
Verdade. Fico roxa de inveja!
Inveja tem cor?

Em casamentos, formaturas, aniversários ou eventos sociais são as únicas ocasiões que me aventuro nessa jornada.
No dia seguinte, estou torta da coluna e com os pés latejando.
Ai, coitada de mim!

Verdade seja dita: ou você fica bonita e elegante em cima de sapatos de saltos altos e aprende a sofrer ou se torna uma gata borralheira, feito eu!
Será que uma mulher consegue pensar quando está iniciando o processo de andar nas alturas?
Porque com dor, nenhum vivente pensa, o cérebro fica oco!

E, se você acha que estou de zoação e tenho preconceito contra peruas, está muito enganada.
Muitas delas, são tremendo cabeção!
Pessoas sensíveis, simpáticas e minhas queridas.

Porque perua antipática e se achando, aí sim, não dá pra aturar!

E cá entre nós, fazendo um pouco de fofoca, aliás o que toda a mulherada adora...
Você saca o tipo peruete no sense?
Aquelas que querem combinar a bolsa com o sapato, chapéu e até óculos entram na exacerbação visual?
Essas são as peruas bregas.
E também, ninguém me convence que ir pra beira da praia de salto alto e parecendo uma joalheria ambulante é ser perua chique.

Aliás, o que é ser chique?
Acho que talvez consiga, no máximo, me alinhar no quesito elegância básica e educação.

Porque, além de eu não conseguir ser perua, não consigo passar nem a imagem de chique também!
Simplesmente não convenço.

Minha filha e uma amiga sua, por anos e anos me chamaram de “FiFi”. Nem pergunte o porquê, pois não tenho a mínima noção do que elas falavam...
Qualquer dia, ainda vou investigar o porquê da denominação daquele apelido.

Sobra, na minha autoclassificação, ser tachada de simpática, educada ou outros adjetivos nessa linguagem.
Já tá de bom tamanho, não tá?