Pata Branca

maya
Postado em:
16/12/2013 - 14:04
Reprodução: Maria Helena Rodrigues

Depois de tanto tempo, encontrei meu amigo Pata Branca novamente!
Pata Branca é o nome que dei a um cão abandonado que achei na praia há dois anos.

Na época ele me encontrou na beira da praia, bem no início do verão e resolveu que seria um acompanhante regular nas minhas caminhadas matinais.

Durante todo o período de férias, tive um parceiro fiel e protetor, que fazia questão de me escoltar, na volta do passeio, até o portão da entrada da minha casa.

Já cansado e com um metro de língua para fora, quando chegávamos, ele se plantava feito uma árvore, aguardando pacientemente seu bocado de comida e água. Acredito que esse era seu único alimento diário.

Embora fosse regularmente convidado a entrar em minha casa, nunca aceitou a proposta. Depois de satisfeito, agradecia com um olhar a sua lauta refeição, abanava seu rabo faceiro e voltava trotando pelas ruas, onde era o seu lar.

Ontem a tarde, na minha caminhada habitual praiana, topei novamente com o Pata Branca. Fiquei quase em choque, ele envelheceu muito. A vida nas ruas castigou-o demais.

Suas patas que antes eram brancas estavam marrons, de tanto acúmulo de sujeira, suponho. Seus olhos, outrora bondosos e alegres, tinham um ar cansado e triste. Sua expressão corporal garbosa e alegre foi substituída por uma condição deprimente.

Estava mancando e tinha um corte profundo e grande, que embora já cicatrizado, atravessava seu lombo. Sua coluna estava afundada e seu rabo, sempre empinado, jazia infeliz entre suas patas.

Ele me reconheceu de imediato e passado os cumprimentos iniciais de amigos que não se encontram há muito tempo, decidiu caminhar, embora lentamente, ao meu lado.

Quando chegamos a minha casa, a primeira providência que tomei foi dar-lhe de comer. Ele apenas me olhou e educadamente desdenhou o prato que lhe servi.

Com a cortesia típica dos animais abandonados e jogados sem piedade nas ruas, Pata Branca deu-me a entender claramente que sua fome não era de alimento, mas sim de carinho, atenção e cuidados especiais que um velho senhor necessita.

Finalmente esse cão teimoso resolveu aceitar a minha hospitalidade, se acolher em meu lar e receber amor, para atravessar com conforto, quem sabe, os últimos dias de sua vida...



fiquei extremamente emocionada... Que atitude maravilhosa foi a sua.

Amei