A garota urbana que adora natureza tem até vergonha de confessar: nunca, nunquinha havia mexido no meu jardim.

Ao vê-lo tão caidinho, assim como eu, resolvi dar uma força, fez bem pra mim e pra ele, e acabei conferindo a história que tantas vezes falo no fórum sobre o amor (aquela de que "amar é como cuidar de um jardim", lembram?!).

Além de ter me divertido, mesmo de luvinhas hehe, pude constatar que um jardim é realmente como nossa vida. Se não for cuidado é tomado por ervas daninhas. Elas se entrelaçam de tal forma que fica impossível de crescer qualquer coisa, como se sufocassem a terra, parece muito com a rotina nossa de cada dia.

Tive momentos de horror (até gritei, haha) ao encontrar uma lesma gosmenta e um cabeludo, mas também de puro lirismo ao ver as joaninhas se equilibrando nas flores que ainda restavam e ao assoprar os dentes de leão ao vento.

É engraçado, antes de começar é como se tudo fosse uma grande confusão, as flores estavam tão misturadas ao mato que nem conseguia notá-las, mais ou menos como uma vida desorganizada, onde tudo se torna cansativo, chato e acaba perdendo o brilho... é preciso abrir os caminhos para que possamos florir e crescer.

Esses dias, aprendi que só há rosetas em gramas que não se pisa, fiquei com pena do meu jardim, há muito não é visitado, há rosetas por todos os lados, será uma forma de defesa? Será que ao nos isolarmos do mundo, do amor, também nos tornamos rosetas que afastam as melhores intenções?

O melhor da experiência foi realmente a doação. Doei meu tempo, meu empenho, meu esforço, tirando cada matinho, cada erva-daninha. Limpei e organizei meu jardim. Recebi o colorido das flores que apareceram vistosas e gratas em um conjunto mais harmônico.

Ao assistir o pôr-do-sol, agradeci a lição colocada em prática. De alguma forma tudo isso também limpou e organizou meu olhar sobre as coisas.

Dudy

Postado em:
5 de novembro/2009