sadcláudia,

Quando fui fazer a primeira vez o exame da OAB, estudamos em 3 pessoas. Eu, minha irmã e uma prima minha. No fim passaram as duas e eu fiquei pra trás. Isso em 2008. Quando fui fazer em 2009, fui super cheia de esperanças, acreditei mesmo, estudei, gastei com o curso, locomoção, cafézinhos durante o intervalo, anotei tudo, me empenhei. No fim, não sei se foi isso também, minha relação com meu marido, que a época era meu namorado, estava trepidando, mas não estava ligando tanto, pois queria era passar e tal... e não faltava uma aula e estava na lida mesmo. Fui prestar a prova cheia de esperanças... e quando fui corrigir as questões...36 acertos apenas. Tenho a sensação daquela prova que parece que não compareci a uma aula, não estudei, não me empenhei, não fiz porcaria nenhuma. É engraçado que toda vez que lembro disso me dá um nó na garganta e os olhos enchem de lágrimas. E depois só fiz a prova mais uma vez, mas não estudei, não fiz curso, não fiz nada e acertei 42. Isso tudo nada mais é que um empenho intelectual, financeiro, emocional, que no fim eu pensei que ia ficar doente. E me decepcionei tanto, e foi tão marcante isso pra mim, que acabei desanimando mesmo. Me senti um lixo, humilhada,roubada pelos (R$ 200,00 da prova ), estressada, a única coisa boa daquele ano é que me casei com meu marido. Pelo menos o meu ano foi salvo por isso. E quero muito um dia chegar a magistratura, e estava já me vendo advogando, com os 3 anos de experiência passando e podendo fazer o concurso e tal... mas pra mim isso já beira o impossível. É como alguém que ficou com um trauma. Mas na minha atual profissão, estou chegando a beira de ser insuportável. Não foi nada do que eu sonhei em ser. Quando era menina, queria ser estilista, trabalhar com moda, e fazer roupas, trabalhar com desenho de moda, enfim...e adoro isso ainda. Mas a gente sempre acaba seguindo o conselho dos pais e do mercado, que naquele período não era tão vindouro acerca de trabalhar com moda. E fui fazer técnico em contabilidade, e aí pensei que fazer direito seria bom para juntar com o meu trabalho... e hoje me vendo nessa situação, penso que eu devia ter me escutado quando era mais nova e ter dado asa ao meu sonho. Fiz a faculdade de Direito, e adorei. Gosto do Direito e sei tanta coisa, aproveitei minha faculdade, mas o que sei não é o suficiente numa prova. Então... quero achar um meio de mudar de carreira. Preciso encontrar uma maneiramaneira. Sei que um concurso é dificil, mas você conseguindo pular um muro alto como a OAB, já ajuda. E ia me sentir mais confiante para tentar um vôo mais alto, mas assim, fica dificil. E fiquei com trauma mesmo da OAB. Queria que isso se desfizesse dentro de mim, para eu ter uma nova motivação de fazer. Preciso achar aquela motivação de novo. Preciso de ajuda e coragem.

M. Olivia.

M Olivia

A seguir, tento responder a sua pergunta sobre como foi efetivamente o processo de mudança de área de conhecimento e de trabalho. O texo ficou meio longo.

Eu sempre gostei muito de pesquisa e considerava óbvio que faria pós-graduação. Quando conclui a graduação, iniciei o mestrado e estava bem entusiasmada. Porém, tive algumas intercorrências (entre outras, gravidez não planejada: falha do DIU). Com isso, não consegui concluir a dissertação. Fiz concurso para o magistério e fui aprovada tanto para o 1º quanto o 2º grau. Após 2 anos lecionando para 1º grau, não satisfeita com o trabalho, pedi exoneração. Após alguns meses de indefinição, fui nomeada para professora do 2º grau e assumi com o firme propósito de nunca mais sair de um trabalho sem ter a perspectiva de outro: é melhor ganhar pouco do que nada.

Nesta nomeação, fui trabalhar em uma escola muito legal, onde aprendi muito e construí boas amizades. Mesmo assim, estava insatisfeita com as condições de trabalho e com o salário aviltante. Após muita reflexão, resolvi fazer um curso na área da saúde: fiz vestibular numa faculdade particular (a anterior era federal) e comecei a familiarizar-me com a nova área. Os desafios foram grandes: retomar o estudo de química, física e biologia 20 anos depois de ter concluído o 2º grau. Eu fui me apaixonando pela área, mas constatei que a faculdade privada não se adequava ao meu perfil: não havia perspectiva de aliar o conhecimento teórico com a pesquisa!

Depois de muitas dúvidas, optei por largar o curso e estudar para o vestibular de uma universidade federal, cuja vaga no curso desejado era disputada por mais de 20 candidatos. Fui aprovada e no decorrer do curso consegui me inserir em um grupo de pesquisa, com o qual desenvolvi TCC, Mestrado e agora o Doutorado. Tudo isso, trabalhando simultaneamente na escola. Esse período foi de muita dedicação, praticamente sem lazer, férias ou descanso. Logo após concluir esta graduação, fiz um concurso público na área e, após algum tempo, fui nomeada.

Meu marido e meus filhos foram muito parceiros e me estimularam durante todos esses anos. Confesso que não foi fácil, mas sei que devia isso a mim mesma: trabalhar em algo que acredito, que me realiza e me propicia uma remuneração digna.

ME formei em Desenvolvimento de sistemas pra web, embora eu não goste muito de programação, porem é pré requisito pra pós graduação em segurança de dados, hoje trabalho como analista de suporte resolvendo problemas, e um poco de programador do sistema de finanças da corporação, e faço uns sites simples pra passar o tempo e ter uma graninha extra :)