Parecer-ser

maya
Postado em:
22/12/2008 - 18:11

Circulando numa festa há tempos atrás, me chamou atenção uma pessoa bastante conhecida na mídia por seu poder sócio-econômico ser elevadíssimo. O que buscou a minha observação não foi o personagem ser badalado e sim o comportamento dele. O fulano ria e falava com a boca cheia, seu tom de voz queria sempre ser o mais alto possível, tocava papelzinhos de petiscos no chão e essa pessoa era rodeada por bajuladores – achei isso inacreditável!

Decididamente, eu nunca gostaria de tê-lo no meu círculo de amigos (e óbvio que nem ele iria me querer, graças a Deus) – um indivíduo tão sem educação e prepotente.

De que adianta um homem possuir uma fortuna imensa, se é zerado em educação?

Imediatamente e impulsivamente classifiquei o mundo dos ricos como arrogantes, fúteis, emergentes sociais... já saí avacalhando com a galera toda – mas me enganei – não são todos assim.

Em uma das crônicas de Martha Medeiros, ela escreve com mestria sobre esse assunto.

Segundo ela, o publicitário Washington Olivetto declara essa questão de forma exemplar: que há no mundo os ricos-ricos (que tem grana e civilização); os pobres-ricos (que não tem grana mas são pesquisadores intelectuais de novas e boas idéias) e os ricos-pobres – a pior raça, tem dinheiro mas não investem em cultura, educação, polimento – apenas gastam em futilidades e disseminam ignorância e descortesia.
 
Um dos parágrafos está tão perfeito que vou transcrevê-lo na íntegra – “Os ricos-ricos movimentam a economia gastando em cultura, educação e viagens, e com isso propagam o que conhecem e divulgam bons hábitos. Os pobres-ricos não têm saldo invejável no banco, mas são criativos, efervescentes, abertos.  A riqueza desses dois grupos está na qualidade da informação que possuem, na sua curiosidade, na inteligência que cultivam e passam adiante. São esses dois grupos que fazem com que a nação se desenvolva. Infelizmente, são os dois grupos menos representativos da sociedade brasileira”.

A seguir, Martha pontua o grupo de maior número de pessoas no Brasil, de baixíssimo poder aquisitivo e possível inexistência à cultura – que ficam a margem da sociedade, feito zumbis.

E finalmente aparecem os ricos-pobres, aqueles de quem já comentei – têm dinheiro e poderiam ajudar a construir um país melhor mas só propagam atraso, soberba e miséria de espírito.

Nessa classificação de pessoas, não se acha polimento – se vão a restaurantes, tem que ser os mais caros para encontrar com seus iguais.  Fazem questão de contar que vão “a toda hora” à Europa, mas não conhecem verdadeiramente nada da história Européia.

Passam ao ridículo de dizer: - Paris já é como o pátio da minha casa - essa doeu, mas é pura verdade! E com certeza só escolhem roupas, carros e acessórios pela grife e valor agregado.
Ou seja, eles são e precisam mostrar que são – isso é arrogância pura!

E eu ainda acrescentaria mais um tipo nesse time: os nada-ricos-que-parecem-ser. Aqueles que se atolam de dívidas, gastam o que não tem e ainda por cima compram grifes falsificadas a preços absurdos enquanto poderiam investir em produtos nacionais – tudo para parecer-ser.
Não consigo saber quem são os piores, se os ricos-pobres ou os parecer-ser. O quê você acha?

Maya

Maya

Postado em:
dezembro/2008