No Limite da Razão

maya
Postado em:
17/07/2009 - 17:38

“Já perdi a conta de quantas vezes tentei me matar. A situação mais séria data de quatro anos atrás. Minha mãe me encontrou desmaiada no chão do quarto, depois que tentei me enforcar. Aos 14 anos, me joguei na frente de um caminhão. Fui salva por um estranho, que me puxou de volta para a calçada. Já cortei os pulsos e, em outras, consumi quantidades exageradas de remédios. Para mim, a vida é uma obrigação”. (relato corajoso de uma moça de 20 anos, que foi diagnosticada com distúrbio fronteiriço da personalidade – considerada uma borderline. / Revista Veja 01/07).

Partiu meu coração ler esse depoimento e tomar conhecimento das várias pessoas que vivem a vida à beira do abismo e tiveram coragem de se expor, trouxeram à luz as mazelas do seu viver.

Fiquei tão impressionada que resolvi escrever sobre o assunto. Os bordelines (termo designado para paciente desse transtorno psiquiátrico) são muitos nesse mundo, sempre se considerando errados – como se tivessem culpa ou responsabilidade por não conseguirem viver a vida de uma forma plena.

A visão deles a respeito de si mesmo é como uma gangorra, ora vêem-se como pessoas muito ruins, ora totalmente boas.

As pessoas que sofrem dessa doença (porque é uma doença) vivem em constante sensação de vazio e abandono, são muito impulsivas, mudam de humor sem razão alguma, suas relações interpessoais são intensas e variáveis – conduzindo uma relação de dependência – sobretudo em relação aos pais e médicos, são desconfiados em demasia e mostram um comportamento autodestrutivo, determinado pela automutilação e tentativas de suicídio.

Esses sujeitos, que muitas vezes fazem parte do nosso convívio, são taxados com adjetivos pejorativos e são muito difíceis de serem compreendidos pela sociedade.

Eles apresentam deficiência na engrenagem de uma área do cérebro chamada lobo frontal – responsável pela organização dos pensamentos e planejamento das ações e a grande notícia é que tratamentos com terapia e remédios atenuam os sintomas da doença e possibilitam uma vida mais próxima do normal.

Além disso, depois dos 40 anos, grande parte dos fronteiriços começam a mostrar melhora, as relações sociais ficam menos conturbadas e tentativas de suicídio mais raras.

Quando uma criança é detalhista e vive numa família formada por perfeccionistas, por exemplo, pode contribuir para a formação de um adulto que tem dificuldade de concluir seus projetos, pois como sua insatisfação é muito grande, decorre uma sensação de vazio permanente. 
 
Realmente fiquei tão comovida com a reportagem que pude sentir e perceber o sofrimento que essas pessoas passam.
Aos que vivem no limite da razão, minha solidariedade e meu desejo de que possam procurar ajuda para viver a vida na plenitude que merecem.

Às pessoas que são muito severas com o comportamento dos outros, que não conseguem entender ou enquadrar – mais tolerância e compreensão – esse pode ser um borderline!

 

Maya

Maya

Postado em: 
20 de julho/2009