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E-mail para irmã: Um TRILEMA chamado PATA BRANCA
Postado em:
05/03/2014 - 15:44
Título: Um TRILEMA chamado PATA BRANCA
Autor: Maria Helena Rodrigues
Formato: e-mail para irmã
Querida!
Estou com saudades, faz séculos que a gente não se encontra!
Irmã - olha só: estou numa indecisão de matar quanto ao destino que darei ao Pata Branca.
Sei que você, assim como eu, adora a bicharada e tem um cuidado enorme pelos quatro patas. Sendo assim, me ajuda nessa!
Explico-me: literalmente, me encontro num trilema para resolver a situação do Pata e sinceramente não consigo me decidir por nenhum dos três caminhos a seguir.
Primeira posição: como sabes minha mudança para outro apartamento já está quase no caminhão e não posso levar o cachorro junto comigo. Já pensei e refiz de todas as formas as possíveis soluções, mas nada resolve o destino dele de ficar junto a mim. Viajo muito, não tenho como relocar ele cada vez que sair de casa (leia-se apartamento), até porque já é um verdadeiro parto para assentar o Buja quanto estou fora.
Sim, ele poderia ficar na casa de outra pessoa (no período em que estou ausente), mas tenho receio que, na primeira oportunidade, ele fuja. O bicho ainda está muito inseguro com sua nova modalidade de vida, que não seja nos lixos das ruas e só tem plena confiança em mim – modéstia às favas!
O ideal seria um lar fixo e permanente para ele, assim poderia fincar raízes e sossegar de uma vez por todas desse leva pra lá e pra cá.
Pensa bem: estava na minha casa da praia e enquanto eu viajei ele continuou vivendo a rotina normal, porém passava injuriado da vida, esperando eu chegar. É o que contavam pra mim...
Agora que veio para a cidade, quase enfartou ao entrar pela primeira vez numa sala mortuária chamada elevador. Tive que empurrar pela bunda a criatura para dentro do recinto.
Passado poucos dias e enquanto ele estava tentando se ajustar a uma nova rotina, eu saí em viagem e tive que deixa-lo na casa da Renata.
Embora eu tenha conversado longamente com ele, dizendo que não era abandono, acho que o coitado não entendeu e tenta fugir o tempo todo para ir ao meu encontro – pelo menos isso é o que pressuponho.
Estou pensando na minha volta (ainda estou fora de casa) e o que vou fazer com o pobre. Está ficando cada vez mais agarrado comigo, na mesma proporção que eu fico com ele. Isso não estava nos projetos...
Seria melhor para o Pata ir para uma casa e ficar lá definitivamente, assim poderia se acomodar e ter um canto para chamar de seu.
Eis então que existem duas possibilidades, além dele ficar comigo, é claro.
Uma delas é na casa da Jane (minha secretária) que não tem tanta intimidade com ele e embora o filho dela goste demais de animais, acho que o Pata vai tentar escapulir na primeira chance – já conheço o eleitorado – ele tem um espírito livre e aventureiro, não deseja novas amarras.
A terceira escolha seria ter sua moradia definitiva na casa da Mirtz (a pessoa que trabalhou comigo durante o veraneio e estava com ele), porém ela mora longe e, o caminho e condições gerais não são lá essas coisas. Por outro lado, na contramão dos senões, o Pata já teve contato e conhece essa pessoa que ficaria com ele e creio que o cuidaria com muito carinho.
Sinceramente, sei que até pode parecer meio loucura da minha cabeça, mas quando vejo aqueles olhos dourados me contemplando com verdadeira adoração, destrói totalmente a minha decisão de mandar ele embora definitivamente.
Ele parece saber disso. Eu também.
Ô, que faço eu irmã?
Judiação... Fica com ele, com certeza ele irá se adaptar. O importante é o amor entre vcs.