Lucinha Araújo - Mãe do Cazuza

Quando meu filho completou 20 anos, foi como se um raio de lucidez se apoderasse de mim. Como se, cansada de tanta luta em vão, me encontrasse, finalmente, com as portas da compreensão abertas à minha frente.

Até então eu havia tentado, de todas as maneiras possíveis e impossíveis, transformar Cazuza no modelo de ser humano que eu acreditava ser o mais certo, o mais adequado.

Fiquei convencida de que não era necessário dominar ninguém para ser feliz.

Minha tentativa de dominar meu marido havia revertido de tal maneira que seria correto dizer que era ele quem me dominava.  Também tentei dominar meu filho e não consegui.

Havia chegado o momento de relaxar, de aceitar o fluxo da vida tal qual ela me fulminava no rosto a cada manhã. Minha nova atitude trouxe benefícios gerais. Foi melhor para mim, melhor para o João e muito, muito melhor para Cazuza.

Paramos de brigar diariamente por motivos fúteis, por besteiras.

Acho que, naquele momento, eu buscava atingir a maturidade, depois dos 40.

Meu filho havia me ensinado que, se não tivesse resistido com todas as suas forças, eu o teria esmagado.

Nossa relação continuou quente como antes, mas muito mais amorosa e compreensiva.

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