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O corajoso (filme) o que a profissão reflete no lar? PROFISSÃO X FAMILIA
Carlita, eu escolhi a área da saúde por vários motivos, na verdade desde criança eu dizia que ia trabalhar em hospital.
Entrei no Hospital em 2001, saí em 2006 e voltei em 2010.
Sempre fui consciente de como o hospital suga o profissional. Minha vida é condicionada a minha profissão.
Eu trabalho 6 horas diárias, mas trabalho sábados, domingos, feriados...este ano por exemplo, estou de plantão o Carnaval todo.
Mas eu sabia que ia ser assim. Minha família já está integrada nessa rotina pois aos finais de semana o Dan fica com as crianças, eu saio as 13 hs e temos o resto do dia...consigo dosar meu tempo, é cansativo mas consigo.
O que eu não sabia era como eu estaria próximo da dor alheia, de histórias de vida, da morte.
Já vi tanta coisa, já perdi paciente na minha mão, num minuto eu estava fazendo a higiene dele, no outro eu estava massageando o peito dele, num trabalho desesperado da equipe tentando reanimá-lo.
E é duro vc perder pra morte.
Nesse dia eu cheguei em casa tão triste, mas tão triste, meu marido só me abraçou e eu comecei a chorar.
Chorei de dor mesmo, de ter que enxergar o quanto a vida é frágil, chorei por ver a esposa dele (uma velhinha muito querida, que eu me afeiçoei muito) chorar deitada no peito dele pedindo que ele não a deixasse...isso as vezes me faz ter um medo tremendo da vida e da dor que ela pode nos causar...
mas já vi milagres acontecerem, vejo a união de pessoas lutando por uma só...
Minha profissão me permite crescer, a enfermagem te faz aprender todos os dias, te faz se sentir útil...e no fim das contas ela é uma benção na minha vida, pois me transforma numa mulher melhor , consequentemente posso ser uma mãe melhor, uma esposa melhor.
Carlita. outra lição que aprendi no hospital: a não julgar histórias...tudo tem 2 lados...
olha só : temos um paciente com graves sequelas neurológicas que está internado conosco há mais de 1 ano.
A familia não vem ver ele, a história foi parar na justiça.
Aí a maioria das pessoas dizia: nossa que familia cruel, que filhos ingratos, nossa, coitado do seu fulano.
Ai apareceu um familiar e contou tudo o que aquele homem fez, o estrago que ele fez na vida de pessoas que o amavam e dependiam dele.
Não são poucos os homens que são abandonados e quando vc vai conhecer a história social , vc se depara com filhos e esposas abandonados por causa de bebida, de vicios,de outras mulheres, de boates...e aí comecei a ver que muitas vezes são situações que a própria pessoa buscou pra si, no momento que virou as costas para a família.
Eu, Ro, particularmente, por pior que minha mãe tenha sido , não teria a coragem de abandona-la. Mas cada um tem um limite, cada um tem uma estrutura e eu entendo quem não consegue.
Existe um livro, do Dr. Drauzio Varela chamado Por um Fio, que conta uma história semelhante.
E em relação a enfermeiras e enfermeiras, é verdade, tem gente lá no hospital que parece feito de pedra, não tem um pingo de compaixão, tratam os pacientes como se fossem bichos. Fico triste com isso, e uso essas pessoas como exemplo de como não ser...
sempre me questiono se estou sendo atenciosa o suficiente, carinhosa o bastante, se fiz tudo o que podia, pois cuidar de paciente é muito mais do que dar remédio...
Dia desses meu paciente ficou muito, mas muito triste com uma noticia que recebeu. Ele é um menino tão querido, tão corajoso, que me deu uma pena dele e pensei...o que eu podia fazer por ele...
bem, não é muito, mas peguei uma luva de procedimento, enchi de ar, fiz um balão e desenhei um rostinho feliz e escrevi uma frase de incentivo...
ele até postou a foto no face com o balão heeheheh
e é bom demais vc ver a pessoa se esforçar em dar um sorriso...
e tem tanta coisa que podemos fazer por um paciente...coisas pequenas que pra eles são grandes, são importantes...
é isso que amo na minha profissão: fazer a diferença.
Carlita, Carlita....
sempre me deixando emocionada...
obrigada...
mas leia mesmo o livro do Dr. Drauzio. É maravilhoso, faz a gente refletir muito.
Vale a pena. Eu e meu namorado ficamos emocionados. E faz a gente refletir na vida!