A cultura brasileira de festas – e beijos

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Rush
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No PF desde: 17/02/2014

55 de June de 201496


009007ae


Tenho de admitir: estou mesmo chocada com a cultura de beijos e pegação no Brasil, especialmente em festas. É claro que não se pode generalizar: estou escrevendo a partir do que observei nas festas a que fui por aqui.


Minha primeira impressão: é muito fácil – até demais – ficar nas festas. Os homens andam pelas boates como animais à procura de uma presa fácil. Na noite, os brasileiros têm um jeito de chegar agressivo e direto. Há aqueles que te pegam pelo braço, ou colocam seus braços em torno de você, ou ainda vão direto beijar. E isso acontece em todas as festas, não importa em qual faixa etária.


Em comparação, os alemães são muito tímidos. Homens alemães em geral têm de juntar muita coragem só para falar com uma garota. Por isso é normal ficar bêbado nas festas para conseguir chegar em meninas – não que seja uma boa solução. O jeito mais normal de conhecer um cara ou uma garota na Alemanha é, por exemplo, um amigo em comum te apresentar alguém.


Leia a visão feminina sobre a noite de Porto Alegre tomada por estrangeiros


Leia a visão masculina sobre a noite de Porto Alegre tomada por estrangeiros


Em festas brasileiras com um grupo mais jovem do que eu, presenciei um comportamento totalmente novo: um guri começa a falar com uma guria, se apresenta ou só diz algo como “oi, tudo bem?” e, se ela continua falando e sorrindo, eles começam a ficar. Fiquei pasma com esse jeito de agir, e não entendo como as garotas aceitam participar disso tudo. É claro que tem gente que faz isso na Alemanha, mas lá isso é mal visto. Aqui, parece ser normal e não rebaixa ninguém, de forma alguma.


Em festas com um grupo mais velho, não vi tanto a situação de muitos parceiros na mesma noite, mas algo diferente. O cara e a menina que passam a noite juntos agem como se estivessem realmente a sério e apaixonados. Eles se conhecem por apenas alguns minutos e já estão agindo como um casal romântico e apaixonado. O amor brasileiro é ágil, mas não duradouro… O menino com quem você ficou pode desaparecer na noite seguinte. Por aqui há até verbos para isso: “ficar” ou “pegar”. E aqui é absolutamente normal se agarrar de uma forma que não se faria em público. Na Alemanha não é comum ficar na primeira vez em que um casal se conhece – e quando você o faz, é de um jeito mais contido. Ao contrário de lá, aqui você vê muitos beijos nas festas, na pista de dança, nos shoppings, simplesmente por toda a parte.


Para os solteiros no Brasil, é normal ter mais de um parceiro. Você não está namorando, está só “ficando”. Só de existir um verbo para diferenciar as situações já me surpreendeu. Entendi assim: quando você está ficando, age como se estivesse em um relacionamento, em algumas coisas. Parece sério em alguns momentos com aquela pessoa – e talvez no dia seguinte esteja fazendo o mesmo com outra. Na verdade, você está livre para fazer o que quiser com quem quiser.


Para mim, isso é uma grande mentira, e uma perda de tempo. Na Alemanha, também há situações parecidas com essa. Quando você não está em uma relação e não está apaixonada, em geral tem apenas um caso com alguém. A diferença é que ninguém age como um casal.


E quando você conhece alguém, e imagina que pode se transformar em um relacionamento, por um tempo também temos lá a situação do “ficando” – muita conversa para se conhecer melhor – mas em geral há exclusividade. Ou seja: não pode beijar mais outras pessoas. É claro que isso não é uma regra pétrea, mas em geral a gente para de sair com alguém se descobre que não é a única pessoa naquele momento.


Falei sobre isso com brasileiros. Perguntei para meninas como elas topam essa situação – não consigo imaginar como é gostar de um cara, passar tempo com ele, saber que ele também fica com outras meninas e achar isso ok. Elas concordaram comigo e, disseram que em geral não gostam dessa situação, mas que é algo com que têm de se acostumar. Mas talvez possa mudar um dia, não?


Read it in English!


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Postado por ninahechtel, às 10:00


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Rush
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No PF desde: 17/02/2014

(...) Longe de imaginar certo ou errado, mas não seria por essa facilidade que os relacionamentos estão mais volúveis?


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Si Cal
No PF desde: 06/08/2010

Não acho e não concordo.


Voce ser voluvel ou frivola (como eu por exemplo... e como faz questão o plutinho sempre ressaltar)... é uma questão pessoal, e nada tem a ver com a sociedade......


Ahahahahahaha conheço varias senhouras... que em sua época eram voluveis e frivolas... a grande diferença da sociedade de hoje com a de ontem esta na forma como as pessoas "escancaram" pq safadeza ou falta dela... é condição humana... e como assim o é... e com o humano que elas nasceram ;-)


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Quote:
Perguntei para meninas como elas topam essa situação – não consigo imaginar como é gostar de um cara, passar tempo com ele, saber que ele também fica com outras meninas e achar isso ok. Elas concordaram comigo e, disseram que em geral não gostam dessa situação, mas que é algo com que têm de se acostumar.


ô seje: personaledade zero!


Aí eu mim pregunto: pq o femenesmo nãum faiz nada a eisse reispeito né?


rsrs


minha opininhãum né


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Rush
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No PF desde: 17/02/2014

Isso mesmo, nobre Austra.


Mas penso que é por vivermos num mundo onde tudo é politicamente correto! Dá até medo de emitir opiniões, pois a patrulha vem de imediato.


Em outras palavras, as pessoas perderam o que tinham de mais especial: a originalidade.


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Si Cal
No PF desde: 06/08/2010

Rush. quem se deixa patrulhar não tem personalidade... acho eu (e não é uma "época" que muda isso)..


EU tb não concordo com este amor livre que rola... mas isso sou eu... e a mim unicamente cabe a formação de minha filha (para que ela não se torne uma bonequinha sem personalidade apta a se ajustar pq acham que assim tem que ser...) mas dai a realmente conseguir incutir na cabecinha dela estes pressupostos.. vai um longo caminho...


Em outras palavras, as pessoas não mostram originalidade e culpam a "sociedade libertina" ;-P


Não to discutindo com vc... apenas colocando o inverso seguindo a mesma linha de raciocinio (afinal tudo tem 02 angulos)


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Saudações caro Austra!


Ótima observação....


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jonass
No PF desde: 30/06/2010

A gringalhada anda faceira da vida em tempos de copa. rss


Nunca um sotaque causou tanto.


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Saldaçõens, caros Rush e Gulherme!


Num é?


O politicamente correto é justamente aquilo que acaba com a possibilidade de emitir opiniões, ou sejE, a personalidade.


É o ‘triunfo’ da grei inane que, justamente por ser grei e inane, nada mais é do que instrumento de divulgação daquilo que sequer compreende.


E, enquanto pensam triunfar, cavam sua cova!


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Rush
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No PF desde: 17/02/2014

Concordo plenamente, Austra. Veja só...


"A Terra está virando – se é que já não virou – um lugar onde os podres naturais do ser humano têm sido escondidos sob tarjas pretas e no qual a maioria dos diálogos – aproximadamente 99,97% – parece fruto de uma entidade cuja missão principal é nos transformar em um imenso rebanho de passos sempre ensaiados e dominado pelo crescente medo de sair de um invisível quadrado.


Antes de expormos opiniões, sentimentos e vontades, para evitar que sejamos apontados como os piores inimigos da sociedade, precisamos pensar mil vezes e, em vários casos, acabamos – geralmente por precaução – filtrando uma característica que eu admiro muito nos seres humanos: a originalidade. Nunca, na longuíssima história humana, houve uma imposição tão severa de códigos, comportamentos, linguagem e hábitos – mandamentos que devemos seguir à risca, sob risco de vermos as nossas opiniões sendo confundidas com atos preconceituosos ou com – o que é ainda pior – vozes que precisam ser caladas". (Rodrigo Coiro).


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Saudações Caro Austra;


Essa desconstrução da personalidade em prol do "bem" comum - aceitação - não te lembra o comportamento dos...lêmingues?