Ser Mulher!

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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Austra então vamos por conceitos: gostaria que vc desenvolvesse melhor seu raciocinio pois para mim e acredito que para a maioria das mulheres que aqui respondeu suas colocações não ficaram muito claras, o que abre pressupostos para que muitas de nós ( sejamos ou não burguesas, aristocratas, brasiileiras) nos sintamos ofendidas com suas colocações. Ela nos levam a pensar que para vc lugar de mulher é em casa. E eu espero sinceramente que não seja isso, acho até preocupante, pois sendo sua amiga, considero que vc tenha uma visão bem ampla do que é a contemporaneidade, bem como a situação de homens e mulheres nisso tudo. O que vc entende por CUIDAR da casa? É faxinar, arrumar, administrar? O que é CUIDAR da família: é CUIDAR E EDUCAR FILHOS, ALIMENTA-LOS, ETC,ETC,ETC? E da saúde: prevenir doenças, usar anticoncepcionais, etc,etc...?

Se for tudo isso, acho que vc deveria rever seus conceitos, pois há muito tempo a "mulher burguesa contemporanea", divide parte destas tarefas com seus maridos ou simplesmente TRABALHA para poder pagar para quem o faça, alcançando um bem-estar como nunca dantes, dado que o prazer do trabalho atinge sua auto-estima, bem como conforto material e mais comodidade para sua família ao colaborar com as despesas do lar.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

E posto aqui um texto bem propício a discussão aqui proposta:


http://biscatesocialclub.wordpress.com/2011/12/23/biscate-a-verdadeira-colecao/


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Caronte
No PF desde: 03/03/2010

O texto em questão abre margem para uma discussão sobre como a mulher vê a própria mulher na nossa sociedade contemporânea. Porque não é incomum vermos certas mulheres defenderem uma modernidade que não praticam em suas vidas privadas. Isto não seria problema, pois cada um faz do seu corpo o que bem lhe aprouver. Porém, ver estas mesmas mulheres, na hora de colocar a teoria em prática, fazendo os mesmos julgamentos que seus discursos condenavam é, no mínimo, estarrecedor.


Nos faz pensar que talvez nossa modernidade não seja assim tão profunda quanto pensamos.


Da mesma forma que achei bizarro, em outro tópico, o conceito de modernidade feminina ter como seu definidor a quantidade de parceiros sexuais que ela teve, acho igualmente estranho que mulheres condenem umas às outras com base exatamente neste mesmo critério: um passado sexualmente movimentado.


Daí, analisando o tom do texto, apesar de ser obviamente estereotipado, diferenciando hermeticamente mulher séria e biscate, em sua essência, ele ainda é válido em muitas constatações. Muitas mulheres, apesar de pregarem uma liberalidade sexual de suas iguais, em abstrato, no momento em que lhes é apresentado um caso concreto, fazem os mesmos julgamentos que condenavam na teoria. Sentem pena do cara de cinza casando com a biscate. Ou sentem raiva. Ou simplesmente não acreditam que ele pratique aquilo que elas pregam tão veementemente.


A maioria das mulheres não discute mais a igualdade de gêneros, de direitos e do acesso às oportunidades. Mas a questão sexual ainda é nebulosa. Muitas mulheres acreditam, em teoria, que toda a mulher deve ser dona de seu corpo e não dever satisfação a ninguém. E defendem, ainda mais enfaticamente, que nós homens temos que aceitar isto.


No entanto, quanto confrontadas com o caso concreto, estas noções teóricas caem por terra, e vemos julgamentos dignos de nossas bisavós.


E isto é um grande empecilho.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Caronte, se olhar no canto superior direito do referido blog há a definição do termo "biscate":


Biscate é uma mulher livre para fazer o que bem entender, com quem escolher e onde bem quiser. Esse é o nosso clube.


A idéia desse blog, escrito por feministas (inclusive o texto que mandei é sobre o casamento da autora, sendo as fotos dela mesma), é justamente satirizar e inverter definições pesadas que recaem sobre a mulher como esta aí. Pois bem, na divisão social a "biscate" é tudo o que uma "mulher direita" não pode ser. É acima de tudo, uma mulher madura o suficiente para saber que estas definições não cabem em uma única pessoa existente em nossa sociedade, pois remetem a tipos ideais e que na prática as coisas se passam de forma bem diferente. Podemos gostar ou não de sexo; ter ou não muitos parceiros, usar ou não roupas muito curtas, ter ou não ter amantes (como naquele poster sobre a diferença entre piriguete e mulher de verdade). Isso não deveria tornar ninguém classificavel. Porque qualquer pessoa é bem maior do que qualquer classificação.

A sociedade julga as mulheres pela sua sexualidade. FATO. Grande parte das mulheres reproduz este esquema machista. FATO. Mas isso ainda é menos grave, a meu ver, que os homens reproduzindo e mantendo estas classificações idiotas. Mas o mais bizarro de tudo mesmo é saber que mulher julgando mulher pela sua sexualidade faz parte de nossa educação desde a mais tenra idade. Para mim, pelo menos foi assim. Não nasci feminista. Também já julgei, já chamei de galinha, disso, daquilo até entender como isso depunha contra nós mesmas. E que ao faze-lo eu estava simplesmente reproduzindo um esquema opressivo e hierarquico. Oras, porque será que a sexulidade masculina jamais foi objeto , com o qual o comportamento masculino fosse controlado? Pelo contrario, o cara tem muitas parceiras isso é positivo até. Claro que agora esta mudando aos poucos, mas cabe as mulheres entenderem esse aprendizado todo. Entender que somos uma categoria que deveria ser unida e aliada...Mas isso é assunto para outro tpc.


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Caronte
No PF desde: 03/03/2010

Belle, não há necessidade de ler a definição, o corpo do texto deixa bem claro que o sentido pejorativo do termo biscate foi subvertido pela autora do blog, para representar uma noção de mulher que não se sujeita à forma machista de definir mulheres por seu comportamento, seja sexual, seja de qualquer outra natureza.


A minha crítica é dirigida a algo que eu, vou discordar de ti aqui, considero mais grave que definições pejorativas feitas por homens: a adoção destas mesmas definições por mulheres. Porque entendo que a origem do feminismo se deu justamente da necessidade da mulher de reclamar direitos em uma sociedade patriarcal que lhe os negava. ESta luta contra a opressão masculina se deu na origem do feminismo. Então, se um homem segue reproduzindo estas definições, ele está fazendo um papel um tanto ridículo, mas que não destoa do papel que seus antepassados já faziam. Ele aceita o rótulo de opressor, comporta-se como tal, mas cria um inimigo tangível.


Quando uma mulher passa a reproduzir este conceito, ela cria uma divisão onde não pode haver. É impossível vencer uma luta onde um lado é dividido e o outro, coeso. Quando uma mulher se utiliza destas mesmas definições machistas para se referir a outra mulher, ela está minando a luta por seus próprios direitos, pelo direito de não ser, ela própria, taxada disto, se resolver "transgredir", e deixar de se comportar da forma como a sociedade opressora patriarcal lhe impõe.


Eu acredito que esta mudança que está ocorrendo se daria de forma mais rápida se as próprias mulheres não minassem suas lutas, aliando-se ao machismo de rotular pejorativamente determinados comportamentos de outras mulheres.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Caronte, também sou da corrente que vê a linguistica como uma grande propagadora do sexismo. Logo, me causa certo mal-estar a adoção de certas categorias linguísticas por algumas feministas, como neste caso, ainda que para subverter, os significados hegemônicos patriarcais. Fico realmente em dúvida se isso subverte mesmo alguma coisa. Me soa algo como fazem algumas feministas da linha da Camille Paglia, ao afirmar que a pornografia ou a prostituição não são opressoras, pois cada mulher faz o que bem entende de seu corpo. Quando na verdade, a pornografia está simplesmente reproduzindo um esquema masculinista opressor-oprimido...Mas enfim, isso é o que eu penso e diria que é até motivo de dissensões dentro do feminismo.


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cornelho
No PF desde: 11/12/2010

eu concordo que mulher deve ter os direitos respeitados a mulher deve andar lado a lado com os homens nem maior nem menor mais cabe ais mães educarem seus filhos encinado a eles o respeito com as mulheres eu vejo muintas falando que menino tem que pegar varias e que menina que fica com muintos meninos e safada tudo comessa em casa


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Saudações Belle! Tudo bem consigo? :)


Não penso ter perpetrado qualquer espécie de ofensa, seja pessoal ou de gênero.


Minha ilação foi meramente pragmática, ilação essa advinda de uma infinidade de tópicos do fórum. Tópicos estes que demonstram, justamente, que as moças contemporâneas andam um tanto confusas no gerenciamento familiar, doméstico e sanitário. Basta passar os olhos pelos tópicos para perceber isso.


Veja por exemplo a elegante Audrey: me acusou de generalização! Como posso defender-me? É aquela velha história: você não precisa tomar toda a panela de sopa para saber que a sopa está salgada ou sem sal. Uma boa colherada, basta.


Em vista disso, acho que não há razão para que eu desenvolva qualquer coisa. Os fatos, digo, os tópicos, falam por si – independentemente da origem social das “postadoras :)


Por outro lado, eu gostaria de entender a razão pela qual você moralizou minha ilação meramente pragmática, sugerindo que eu penso que lugar de mulher é em casa?


Mas como você mesma disse, somos amigos. Por isso mesmo, sei que você é uma pessoa tolerante e ainda que eu achasse que lugar de mulher é em casa e mesmo você sendo feminista, tenho certeza que o nobre sentimento de tolerância acabaria por prevalecer a você não desejaria me ver pelas costas :)


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Olá, Austra, td bem comigo e com vc? Sim, eu achei generalizante suas premissas. Porque me pareceu em principio que quem estava moralizando as coisas era vc, tornando estas esferas como espaços exclusivos da mulher, sendo que não o são nem de longe. Mas entendo onde vc quer chegar, acho.

Não acho que toda mulher ou a maioria das que vem aqui em busca de ajuda se pode julgar como não sabendo cuidar destas esferas de existência. Elas aprendem sim a duras penas, isso é fato. Mas há boas razões para que isso seja assim. Sempre defendi, inclusive nesse site, que faltam espaços dedicados inteiramente a troca de experiencias femininas, o que certamente ajuda a tornar as mulheres meio "perdidas". Ao contrario de uma grande maioria masculina que cresce em meio a círculos de solidariedade masculino, o aprendizado feminino é após a adolescência (único período em que há uma troca), bastante solitário. Há é claro, as saídas com as amigas, bebedeiras, risos, e tudo mais. Mas tratam-se de trocas bastante efemeras para que véus caiam por terra, realidades existenciais sejam discutidas...Após o casamento, muita coisa muda. Não há mais aquele aprendizado geracional, até porque as coisas mudaram muito rápido nos ultimos 30, 40 anos. Uma grande maioria, casa-se e tem filhos sem saber ao certo como é a realidade disso. E o conhecimento vai sendo dado no processo, ou de forma bastante equivocada e /ou reproduzindo esquemas já consolidados de poder como a mídia (revistas femininas ou mesmo espaços como este aqui). E aí, se a mulher quiser sair da Matrix, como eu quis, precisa fazer uma longa jornada em busca de si e de um conhecimento perdido, em busca de uma força que ela não acredita que tem porque está inteiramente moldada por essa Matrix. Mas a busca vale a pena, pelo menos para mim, e para muitas amigas, tem valido.

E quanto ás nossas possíveis divergências, entendo que isso aqui é um respeitoso espaço de troca de idéias; não há um único motivo pelo qual deixaríamos de ser amigos. Mesmo eu sendo feminista e vc nostálgico pelos anos 20...


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Saudações Belle! Prazer em revê-la!


Veja pelo lado positivo: eu ter saudade dos anos 20 propicia bons diálogos ;)