Oi Katia,

Eu confesso que me sinto desconfortável quanto discuto o assunto; por passar a vida como mera espectadora de algumas questões referentes à mulher.

Creio que por não ter sofrido abusos explícitos que há contra nós, fecho os olhos para os menores e assim... vida que segue.

Chamou a minha atenção quando vc relatou que não poe em prática o que talvez deveria ser colocado, pois como já disse, isso também acontece comigo mesmo tendo o exemplo contrário na família.

Minha avó venceu algumas das barreiras do preconceito, ela não tinha as oportunidades e acesos que temos hoje, só o querer enorme de sair de uma situação e fazer valer seus diretos como pessoa.

Talvez eu deva a ela, que quebrou o circulo vicioso em que vivem várias mulheres, a condição que vivo hoje, ou melhor, nós devemos a várias mulheres, a condição de ter escolhas e levar uma vida mais plena.

Minha avó não tinha a teoria, só viveu a prática, por sinal estudou muito pouco, como sabemos, não tinha valorização o estudo feminino na época, foi obrigada a bem jovem se casar e ter vários filhos e a sua vida seria em prol de não cair no ostracismo masculino se não tivesse decidido tomar outra direção.

Mas com tudo, ela não levantou a bandeira MULHERES X HOMENS, pelo contrário, apesar de ter sido “sufocada” várias vezes e percorrido caminhos difíceis, ela sempre falava que o equilíbrio era necessário, e que nos completávamos nas diferenças.

Mas vejo em mim um conflito que talvez seja o mesmo de muitas mulheres e quem sabe a minha avó tenha vencido com facilidade ou não; o de querer ser cuidada, de ter o sexo “forte” como forte mesmo, e muitas vezes não querer que isso mude, talvez instinto de proteção? Criação? Fragilidade? O feminino gritando? (não sei se estou sendo clara, não falo de submissão, ou abrir mão de muitas conquistas, nada disso, acho que em alguns pontos existe o papel feminino e o papel masculino, a idéia de alcançar um lugar em detrimento de outro não me compra). Perdoe-me as que pensam o contrário, mas me pego nessa questão.

Mas em outras, creio nos faltam a certeza de que rumo seguir, sendo que a velocidade das coisas nos atropelam e nos perdemos no confronto SENTIMENTO X PRÁTICA.

*Difícil rever e corrigir o que escrevi e nem sei se estou dentro do contexto do debate aqui, não li todos os post ou demoraria uma eternidade, para mim o PF está muito lento, se houver erros por favor desconsiderem.

Bom, deixo o curta da animação premiada VIDA DE MARIA – SECRETÁRIA DA CULTURA DO CEARÁ

http://www.youtube.com/watch?v=odDNol9Txd4

Vou tentar não ser “desrespeitoso”,

é que desinformação com releituras da História me irritam profundamente...e mais ainda, as proferidas/ escritas por alguem que SEI ser dotada de conhecimento e talento com as palavras, incomuns por aqui...

Enquanto prática política o nome disso não é feminismo, é utopia comunista.

Se ‘se esforçasse’ por igualar condições de vida, distinção, reconhecimento, consideração, remuneração, etc entre PESSOAS de capacidade e empenho semelhantes, de apenas e tão somente “sexos diferentes”, talvez.

Tá bem...“paranóica” seria exagero, desrespeitoso...mas a realidade vista ou percebida pela sra é MUITO diferente da que vejo, percebo e vivencio. O quê percebo que ocorre, é que “bons homens pra casar” tornaram-se raridade no “mercado”. Há claramente uma ‘concorrência’ pela atenção/aprovação dos que estão disponíveis ou em perspectiva de.

Terá sido apenas o “machismo” o causador desta situação??

(O PF e seus foristas proporcionam um microcosmo interessante para esse tipo de análise)

Me corrija se entendi errado :

Tu entendes uma visão maniqueísta como imprópria e limitante, certo ?

O ‘bem e o mal’, ‘feminismo e machismo’, as ‘boas e os ruins’...

Afinal, uma visão maniqueísta, é ou não limitadora e restritiva ??

Decide aí, pois sem isso não consigo entender esse feminismo. (E olha que estou me “esforçando”...)

K.Aquiles,

Hipoteticamente admitindo que: as mulheres hoje e neste País, ainda são "inferiorizadas"...tu acreditas mesmo que com uma ideologia baseada em "guerra dos sexos", seria então a melhor estratégia para mudar a situação ??

(Concordo contigo...o texto vai ter que ser imenso!)

Eu tenho muito a falar do assunto porque sofri muito com esse preconceito. Meu pai era um homem muito machista, apesar de ter 3 filhas e nenhum filho, sempre que tinha oportunidade ele deixava claro seu desreipeito e seu sentimento de inferioridade pelas mulheres. Dentro de casa ele proibiu minha mãe de trabalhar, traía minha mãe e ainda brigava com ela todos dias por ciúmes, falava que era obrigação dela cuidar da casa e das filhas, etc. Quando falava de uma mulher solteira que já tinha tido mais de um parceiro sexual a considerava vagabunda, sempre fazia piadas de mulheres gordas, e achava que a mulher tinha que viver em função do marido. Minha mãe continuava nessa relação porque tinha medo dele.

Então eu vi tudo isso até os meus 16 anos, quando ele morreu, nessa época eu ainda estava muito confusa sobre qual era o meu valor como mulher. Sentia que meu corpo era mais vulnerável do que um corpo masculino, porque eu posso engravidar, sou mais frágil em uma briga, minha voz é mais fina que a de homem e isso impõe menos repeito, entre outras coisa fisicas que nos colocam em uma situação de fragilidade. Fora tudo isso também sentia que na parte emocional também era mais fraca, pois eu chorava com facilidade, quando estava de TPM meu mundo caía, e ainda sentia um dependencia emocional muito grande do meu namoradinho da época.

Depois com 21 conheci um garoto de 22, ele era um cara com mil qualidades mas seu pior defeito era o machismo. Não era tão declarado quanto o machismo do meu pai, mas nas pequenas situações era nítido seu oreconceito. Ele achava que a mulher sempre devia estar linda para o namorado, não gostava da situação de eu já ter tido relação sexual antes dele, falava mal das mulheres que ficavam com vários garotos e das mulheres quefaziam sexo na primeira noite, já chegou a falar que as prostitutas são muito piores moralmente do que os seus clientes, queria que eu fizesse comida para ele e arrumasse a cozinha sozinha, ele queria ter apenas filhos, achava que os programas com os amigos era mais legal do que qualquer programa que fizesse com uma namorada.

Fora tudo isso, o que a televisão, a internet, as rodas de homens e de mulheres, etc.. 99% há comentários machistas. Mesmo que não percebam.

A um tempo atrás passei a não aceitar nenhum comentário machista, por menor que fosse. Hoje se precisar entro numa discussão.

Graças a minha atitude, depois de muitas brigas, meu namorado aprendeu a não ser machista. Acho que se entrarmos em confronto contra aqueles que nos desrespeitam a nossa situação vai melhorar no mundo.

Portanto jamias se cale perante qualquer palavra, frase, intenção que seja machista!