\"Ñ qremos igualdade, e sim oportunidades iguais\"

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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Circe,


Percebo que não sou a única um tanto incomodada com essa \"submissão emocional\" que vemos em muitas mulheres. Esse romantismo exacerbado que impõe \"dor\" como rima para \"amor\" e a auto-imagem de coadjuvante no teatro da vida. Eu acho triste isso. E fico ainda mias desesperançada quando vejo moças novas, com todo um universo de possibilidades ao seu alcance, reproduzindo esse padrão como se fosse o único caminho a seguir. Triste mesmo.


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Kátia.Aquiles
No PF desde: 09/12/2009

Eu leio um blog escrito por pessoas que tem relacionamentos péssimos com as sogras.

Fico estarrecida com alguns relatos que vejo.

Mulheres sofrendo nas mãos das suas sogras, mas fazendo de tudo para \"proteger\" o maridinho, como se ele fosse um santo a ser guardado.

Elas querem dicas para se livrar das \"megeras\", mas claro, nada que possa fazer o marido ficar bravo.

Já ouvi lá absurdos como \"vá a festa (festa nas casas dos parentes que odeiam a tal moça) para ganhar pontos com o marido\".


Desde quando casamento é programa de milhagem para ganhar pontos???


É cada história de mulheres que não vivem com o marido, mas para o marido.


Isso, felizmente, eu nunca entenderei e nunca viverei.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Nossa, concordo em gênero, número e grau! Mas vocês hão de concordar que nossa cultura está cheia de artefatos para uma \"educação sentimental\" dos gêneros. A começar dicotomização entre novelas / coisa de mulher e esportes, telejornais/ coisa de homem. Certa vez li um texto muito interessante sobre como o melodrama atua nisso e como as narrativas acreditavam que enquanto o pazer feminino era meis auditivo (vide vários programas de rádios e as proprias telenovelas), o masculino era mais visual(vide revistas masculinas)...Sem contar o conteudo disso tudo.

para quem se interessar, aqui está o texto, muito bom.


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332002000200008&lng=en&nrm=iso


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

As mulheres optam por sofrer sentimentalmente mas não admitem isso, pois lá no fundo realmente acham que tudo vai \"acabar bem\" (acabar bem = não terminar solteira) assim como manda o roteiro. Esquecem de perceber que estar solteira não é estar sozinha. E se você for analisar na maioria das vezes uma mulher solteira tem muito mais amigxs do que uma mulher com namorado/marido, pois elas se isolam e acham que conviver com o companheiro é o suficiente. Engraçado que elas se acham mais solitárias e abandonadas quando estão solteiras... Tá tudo errado!!! hahaha


Essa submissão sentimental é triste e preocupante, pois estaciona muitas mulheres em nome da decepção amorosa, como se isso fosse realmente motivo pra desistir de sonhos e mudar o rumo da vida drasticamente.


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Circe
No PF desde: 17/04/2010

Kátia,


Outro dia passei num blog parecido, mas não sei se é o mesmo. Felizmente, me dou bem com minha sogra e ela não se mete em nada na nossa relação - o detalhe? Moramos hoje na casa dela e me sinto tão à vontade quanto na minha casa. Mas sei que tive sorte por ela ser uma pessoa bem resolvida, profissionalmente bem sucedida e que soube criar o filho único que tive. Hoje, ela me trata como uma filha e se preocupa comigo imensamente. Digo com felicidade que não tenho o que reclamar dela.


No entanto, minha ex sogra era um pé no saco. E sabe o problema? Eu não tolerava, eu vivia dando cortadas. Tias minhas me chamaram atenção quanto a isso, mas eu não me arrependo: se eu não colocasse os limites, depois só pioraria. Ela era espaçosa e queria opinar em tudo, coisa que não admito de jeito nenhum. Ah, ele também era filho único.


Mas disse tudo isso para tocar num ponto: eu faço o possível para conviver bem com minha sogra, desde que ela respeite os meus limites e os limites da minha relação. Não sei ser fingida, não faço o que não gosto e sou sincera com ela sempre. Hoje, ela confia em mim e me diz coisas que nem as irmãs sabem - como já pude confirmar diversas vezes apenas observando.


Acho que muito dos problemas de noras com sogras é culpa do marido/namorado: não impõe limites, canonizam as mães e não admitem que elas sejam contrariadas. É como se a mãe fosse uma rainha que não admite nada que a desagrade. Com meu ex era assim, só que comigo ela não conseguia mandar e desmandar. Coitada... acho até que ela chegou ao ponto de temer dizer algo que me desagradaria pelo simples fato de eu não aceitar e dizer isso instantaneamente.


Carla,

Preocupante... Sempre me pergunto o porquê dessa dependência feminina em relação ao homem. Parece que o insconciente coletivo feminino não se admite enquanto indivíduo, mas requer a presença do homem para complementar sua existência. Por que nós precisamos de um parceiro para sermos respeitadas? Porque nós mulheres rechaçamos nossas amigas que não tem namorado e nos vangloriamos de nossos homens varonis em nossas casas?


Chega a ser ridículo... Para ilustrar um pouco dessa minha revolta, cito o exemplo de minha irmã, de 20 anos: nunca se envolveu com um cara responsável, de bom caráter, íntegro. O namorado anterior era um louco suicida dependente e o atual é um sacana. O motivo? Traiu minha irmã com uma ex aluna minha, que era conhecida dela. Minha irmã descobriu, terminaram, voltaram e ela me questionou o que fazer. Fui categórica: termine, você é jovem, tem um futuro, é linda, não precisa disso. Outro dia, meses depois, ela me confessa que haviam voltado.


Eu? Fiquei arrasada, mas me calei. Não posso viver a vida dos outros, mas não tolero o garoto. Se sou uma inflexível? Não sou, mas não admito que me traiam repetidamente e ajam como se eu fosse o ser indispensável, que vão morrer se eu os deixar. Foi o que ele fez, foi como ela agiu... Por ser emocionalmente instável, ela cedeu e diz que o ama, que precisa dele. Fiquei arrasada, mas nada posso fazer.


Hoje, sou daquelas que ama, que tem um namorado, mas todos os dias (sem exagero), faço o exercício de escolher minhas coisas, de pensar no meu futuro, de crescer enquanto pessoa e não como casal. Se terminarmos, sofrerei, claro, mas hoje sei que não haverá o desespero de outrora... Gente, a vida é maravilhosa. Tem coisa melhor do que conhecer gente, lugares novos, ler e ouvir as músicas que amamos? É esse o sentido, é fazer o que queremos e nos tornar quem somos. Se surgir alguém, que nos complemente, porque completos já somos.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Circe,


Eu passei 7 anos com uma pessoa a quem amei e amo muito (não mais romanticamente, mas amo a pessoa que ele é e foi na minha vida). E sim, o fim foi dilacerante, porque depois de tanto tempo, é óbvio que a vida não volta a ser o que era antes e a mudança pode ser ainda mais assustadora do que a separação em si. Foi difícil, doloroso, mas teria sido ainda mais difícil se minha vida tivesse girado em torno dele naqueles 7 anos.


Se eu não tivesse as MINHAS coisas, MEUS objetivos, MEUS planos individuais para minha vida, MEU trabalho, MEUS amigos inclusive, o que poderia me ajudar a recomeçar? Se eu não tivesse uma forte consciência de mim mesma, não fosse uma pessoa inteira, certamente minha vida teria acabado ali.


Como diz um grande amigo meu, é muito bom precisar de alguém porque gostamos muito desse alguém, porque amamos, mas é inaceitável amar alguém porque precisamos desse alguém. E é isso que eu vejo, mulheres que \"amam\" porque PRECISAM. Precisam de alguém para sustentá-las, para validá-las, para completá-las...simplesmente precisam de alguém, qualquer um. E aí se submetem ao impensável. É triste, muito triste mesmo.


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Vanessa Versiani
No PF desde: 19/11/2009

Eu qdo meto uma coisa na cabeça vou a fundo. Daí comecei falando sobre isso no blog do Belle Farfalle, depois fui discutir numa comunidade budista e numa feminista no Orkut (sou budista), e num grupo de discussão, também budista, no Yahoo!. Uma pessoa do Yahoo começou a me enviar algumas informações ótimas e falou que tem muitas mais.

Uma informação que me chamou atenção foi que o aborto não é considerado crime contra a vida mas contra os costumes, que a lei é de 1941 quando as mulheres eram vistas como algo menos importante do que objetos, eram meras parideiras. E mtos dos q defendem o aborto como crime argumentam com a idéia de que está matando uma vida, etc e tal.

Ele tb passou uma lista de países onde o aborto é totalmente legalizado, uma de lugares em q é permitido com restrições e uma outra, onde o Brasil se enquadra, em que é permitido só em caso de risco de vida (nesta, Brasil e México permitem em 2 outras situações). Vc lê a lista em q o Brasil está e só tem país super desenvolvido (ironia, ok?) como o Iêmen, o Irã.... lugares onde as mulheres são super respeitadas (ironia de novo).

Vou publicar algumas das informações que ele enviou (e das que ele ainda vai enviar) no http://bellefarfallebrasil.blogspot.com na próxima semana, assim q tiver tempo pra sentar e montar o texto.

Outro ponto interessante é o medo que os homens têm das mulheres que têm autonomia de decisão (opa, não tem uns tópicos aqui falando de homens que têm medo das mulheres seguras? É bem essa a idéia). Ele diz que os homens com mentalidade atrasada (machista) têm medo de mulheres que não dependem deles, que não procuram a metade da laranja, etc. E, o chato da coisa, quem discute as mudanças nas leis são justamente pessoas pra quem não faz diferença o aborto: homens, igreja (padres, freiras, etc), gente que nunca vai precisar fazer um aborto.

E muitas das que correm o risco de gravidez indesejada ficam aí chorando pq o namorado saiu com outra, o marido separou dela mas quer voltar, etc etc e não consegue pensar como um indivíduo inteiro, autônomo, com poder de decisão sobre a própria vida.


Lazevedo, como a Carla falou, e esse ponto foi oq me fez pensar e mudar de opinião depois de alguma análise, pílula e camisinha também podem falhar.


Carla, tb sou a favor da salada de fruta... hahaha.... isso de metade da laranja é coisa pra fazer a mulher viver em função de caçar um homem pra q ela própria tenha alguma utilidade. Como um sapato que, sem um pé pra calçá-lo, é inútil.


Circe, algumas nem apanhando muito, nem sofrendo mto aprendem a ser inteiras... ficam cada vez mais metades, chinelo velho sem par e sem pé que o calce. Carente de par e de pé. Sem identidade alguma.


Kátia, ri mto do casamento como programa de milhagem.... uahaha.... Tem louco pra tudo nesse mundo.


Annebonny, conheço mulheres que abandonaram totalmente os amigos ao se casar. Depois, quando são trocadas por outra, traídas, etc não têm nenhum ombro amigo pra chorar as pitangas.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Vanessa,


Fico mesmo muito feliz que você tenha ido buscar informações mais precisas sobre a questão do aborto. Independente de mudar de ideia ou não, é importantíssimo ter informações. E perceba como até mesmo você, uma pessoa esclarecida e de mente aberta, pode cair na armadilha do senso comum. Você tinha uma posição sobre a descriminalização do aborto sem uma base concreta para fundamentar essa posição. Simplesmente seguiu um discurso pronto, apesar de superficial. A grande diferença é que você não se acomodou, na primeira oportunidade você foi atrás de mais dados, refletiu sobre o assunto e agora questiona o próprio posicionamento. ISSO É MARAVILHOSO! E eu a cumprimento por isso, genuinamente. Imagine você as mudanças que poderiam ocorrer se outras milhares de pessoas que hoje se encontram nesse estado de \"alienação\" tivessem a mesma atitude que você. E não só com relação ao aborto, mas com praticamente tudo na vida.


Eu vejo uma variedade de comportamentos masculinos diante da autonomia feminina. Há os retrógrados que realmente correm de uma mulher autônoma por não aceitarem a igualdade de poder, pois acreditamna falácia de que um gênero deve obrigatoriamente ser superior ao outro e, portanto, dominá-lo. Esses são o que eu chamo de \"retrógrados prepotentes\".


Há também os \"retrógrados inseguros\", que são os que correm da mulher autônoma por não saberem o seu papel na vida de uma. Se eles não são provedores, não são protetores, não são os dominadores da relação, então para quê eles servem? São aqueles que não entendem (por pura incapacidade) uma relação de troca emocional e afetiva no lugar de uma de poder e submissão.


Mas há um tipo ainda mais pernicioso e que engana muitas mulheres. É o tipo que estampa a fachada de \"evoluído\", super a favor da mulher independente, mas não por realmente respeitá-la e admirá-la e sim para tirar proveito próprio da autonomia feminina. É o homem que se exime de toda e qualquer responsabilidade dentro de um relacionamento, seja ela financeira, prática ou emocional. É o homem que não se importa com a dupla jornada da companheira, que não dá apoio emocional, que não participa de decisões que caberiam aos dois, e assim por diante, porque a mulher dele é forte e pode cuidar de tudo sozinha. É o cara que \"defende\" a liberalidade sexual feminina porque assim ele pode \"comer todas\" sem ser cobrado por isso. Esse é o \"retrógrado egoísta\". É o cara que diz \"Não queria igualdade? Então, agora se vira. Pra mim está ótimo assim\". Esse tipo é o que mais me enoja. Prefiro o machista descarado.


São poucos os homens que de fato olham para a mulher antes como pessoa, que a admiram e respeitam como ser humano e que não se sentem diminuídos ou ameaçados pela autonomia feminina. Uma imensa parcela ainda nos vê como rivais nessa suposta disputa pelo poder.


É terrível lidar com essa prepotência masculina, mas ainda pior é lidar com a resistência de mulheres que, seja por alienação ou comodismo, acreditam nessa ideia de poder e submissão, nesses \"papéis tradicionais\" como o único caminho possível. Mudar a mentalidade dessas mulheres é um trabalho muto mais árduo do que fazer homens retrógrados aceitarem mudanças.


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Circe
No PF desde: 17/04/2010

Carla,


Penso exatamente como você: \'é inaceitável amar alguém porque precisamos desse alguém\'. Acho perigoso depender e fazer com que o amor esteja atrelado à esta dependência. Aliás, é insano buscar no outro uma completude que nos falta, chega a ser doentio - minha forma de pensar.


Assim como você, preciso ter minhas coisas, preciso ter meu próprio pensamento acerca das coisas. Acho terrível essas mulheres que não pensam por si mesmas, que não discordam dos seus companheiros por medo de magoá-los. Eu já tive discussões intensas com meu namorado em fóruns e quem via de fora jamais pensaria que éramos namorados. Se vejo isso como ruim? De forma alguma. Tenho personalidade própria, objetivos e planos próprios. Hoje, eu o incluo em minha vida e consequentemente ele faz parte de tudo isso. Se porventura acabar, meus planos, meu eu permanecem. Vou sofrer, é possível, mas não pensarei que minha vida chegou ao fim naquele instante.


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Frésia
No PF desde: 30/12/2009

Ah meninas.. racionalmente eu concordo com o que vcs escreveram.


Sempre me considerei uma laranja inteira, e nunca vivi buscando ninguém, até que encontrei o pai da minha filha e ele me roubou metade de mim. Não dependo dele pra nada real, mas tenho uma dependência quase química, como se eu não tivesse um passado nem um futuro longe dele.


Me dá uma raiva de mim!!