Falta-me o chão – Meu marido é bissexual

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Ninaleonel
No PF desde: 15/09/2010

Esses dias quando procurei informações para o que estou vivendo não tinha noção do quanto meu problema é comum. Pensava eu que seria o meu caso mais surpreendente e bizarro, mas ao contrário vi o quanto qualquer pessoa pode-se ver numa situação como a minha.

Sou casada há 15 anos, posso dizer que cinco anos bem casada, bem estruturada e com muita paz. Não havia nem a sombra de insatisfação nem de intolerância, quando em 2004 veio a primeira crise e já com um filho de 7 anos. A partir dali fui percebendo muitas nuances de que minha vida de casada estava desmoronando, via meu marido num conflito interno sem saber o que poderia ser e sem ter a mínima chance de lhe perguntar, porque ele sempre fugia do assunto, quando eu questionava o que estava havendo. Ele sempre se afastava e dizia que eu implicava com tudo, que estava tudo bem e eu estava procurando algo que não existia.

Ele foi me deixando cada vez mais distante dele inclusive em nossa vida sexual. Trabalhava na época e acabei me envolvendo com um colega, do envolvimento surgiu um amor avassalador e enquanto eu sofria de um lado, meu marido sofria por outro, um dia me produzi, coloquei a roupa mais transada possível e decidir minha vida, conversei com o outro e com o meu marido, disse-lhes que não dava mais e eu precisava de tempo para mim, disse ao meu marido que o nosso casamento estava deflagado, desgastado e ele naquela época me pediu para a gente tentar melhorar, sugeri que ele me levasse a um motel e que saíssemos mais juntos. Para o outro disse que não conseguia manter mais essa divisão, tanto um quanto o outro, os dois processos foram terrivelmente difíceis, até hoje tem sido. Mas eu segui com o casamento no intuito de que conseguiríamos, em 2006 engravidei, tive outro menino e surpreendentemente depois do meu marido tanto se opor ele ficou extasiado com o nascimento dele.

Eis que agora veio a tona toda a verdade desde lá. Essa semana descobri através de uma gravação de um diálogo entre meu marido e um amigo virtual uma das proezas sexuais dele. Onde ele relata com direito a detalhes sórdidos o que ele gosta. Ele escreveu uma das, várias, aventuras com um rapaz.

De fato não me surpreendeu, mas ao chegar a essa realidade, de ler, foi como se eu estivesse assistido ou a mesma coisa deu ter ouvido, tanto faz. Eu sei agora de forma real. Na hora pensei em ligar para minha amiga, que sabe tudo da minha vida, pensei em ligar para o meu irmão, guarda esse mistério e esse segredo para usar quando precisasse, mas não, optei por deixar aberto a gravação e chama-lo para testemunhar o que eu tinha acabado de descobrir, o fato é que ele deixou o nome dele logado e intuitivamente fui lá cassar as gravações dos diálogos e consegui.

Na hora sentamos e conversamos muito, como havia previsto ele não negou nada, me falou tudo no mínimo detalhe e me disse chorando que não agüentava mais essa vida dupla e que não sabe o que ele quer. Acusou-me de sufocá-lo com cobranças diárias, cobranças essa que toda mulher faz quando se quer uma casa em ordem, filhos na boa e principalmente assumir responsabilidades que a gente se propõe quando se casa. Enfim não suporto discutir relação e ele me acusar disso nem poderia, mas naquele primeiro momento poderíamos ter discutido o que seria bom pra nós e agora me pouparia de tanta dor.

Eu trabalho com cinema, uma área onde a gente acaba tendo uma visão da vida muito mais aberta e flexível, então eu consigo perceber que o erro independe se a traição foi com um homem ou com mulher, traição é traição e requer questionamentos, requer uma análise de tudo de nossas vidas. Muito provável se ele tivesse me aberto isso antes eu não estivesse mais com ele eu já tivesse resolvido minha vida, agora envolvemos mais uma vida que é do meu outro filho e com dois filhos é preciso muita cautela para não acabar sobrando para quem nada tem a ver com nossos conflitos, que são nossos filhos.

Se me perguntarem se eu assumo meu marido ser bissexual, assumo, assumo que mesmo ele tendo sido levado no começo pela curiosidade (disse-me que ao ver as comunidades do meu sobrinho gay, ficou curioso a conhecer esse universo) ele gostou, mas sei que ele gosta de mulher também porque nunca falhou comigo, nunca foi preciso eu recorrer a nada para transarmos, e sei que se ele fosse homossexual possivelmente agora ele não teria mais dúvida se eu chegasse e pedir para decidir.

A princípio ele me disse que precisa da minha ajuda para se livrar do que ele não quer para ele e disse que não o quer por nossos filhos, que não seria por mim. Hoje já veio com outro discurso, disse que quer definitivamente deixar essa vida para se dedicar a mim e a eles, que seria por mim e pelos nossos filhos. Sentir ele muito mais afirmativo com muita vontade de mudar. E eu disse que há um grau de risco imenso e que não sei se quero e se tenho força para isso.

Fora os casinhos, pega aqui, pega ali, ele tinha um parceiro fixo com a idade de 20 anos, ele, meu marido tem 40 e eu também, se é o caso dele gostar de meninos pela adolescência mal resolvida (isso sempre ficou muito transparente para mim) ele que se resolva primeiro, disse que ele precisa de terapia e também vou ter que voltar para a minha, e daí ter certeza de alguma coisa. (Por hora ficamos assim: (Ele no dia seguinte conversou com o amante, disse que optava pela família e segundo ele o cara aceitou, porque já sabia que um dia isso seria possível) vamos tentar pela última vez mas sinceramente não sei se vai dar certo. Tenho certeza de que dependerá do nosso amor e da nossa força


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Circe
No PF desde: 17/04/2010

Nina,


Você não tem o direito de rejeitá-lo por traição já que o traiu. Quando adotamos uma postura negativa, nosso direito de reclamar do outro por ter a mesma postura inexiste. A menos que você seja hipócrita a ponto de esquecer do que fez e agora querer crucificar seu marido por ter feito o mesmo.


À parte essas considerações: converse com seu marido, se abra, conte também o que você fez. Iniciem essa nova relação sem mentiras, sem dar brechas a que, no futuro, ele descubra e ocorram novas brigas. Se você optou por estar ao lado dele neste momento, precisa estar de consciência limpa, certa de que vocês querem o melhor para a família de vocês.


No mais, espero que as coisas se resolvam, que vocês consigam se reerguer - apesar de saber o quanto é difícil estar com um parceiro que traiu, sobretudo com pessoa do mesmo sexo (fica a dúvida eterna do que ele realmente gosta).


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Kathya34
No PF desde: 06/06/2010

Concordo com a Circe, traição neste caso não deve ser julgada.

Achei ótima a ideia da terapia, é uma situação diferenciada. O ideal mesmo é que uma pessoa que não esteja no meio da situação com sentimentos envolvidos auxilie vocês na descoberta daquilo que for melhor para a família. Um bj, e mta serenidade!


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Gilvania
No PF desde: 12/05/2010

a minha pergunta é?


o que te afeta, a traição em si , ou o fato de ser com o mesmo sexo?


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Bem, pelo que entendi, vc não veio pedir uma opinião, apenas relatar teu caso e desabafar. Isso fica claro aqui: \"(Por hora ficamos assim: (Ele no dia seguinte conversou com o amante, disse que optava pela família e segundo ele o cara aceitou, porque já sabia que um dia isso seria possível) vamos tentar pela última vez mas sinceramente não sei se vai dar certo. Tenho certeza de que dependerá do nosso amor e da nossa força.\"


Diante disso, te desejo boa sorte.


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brurs
No PF desde: 20/01/2010

Olha...

ele nunca vai mudar!

mas a bissexualidade existe sim, e é o caso do seu marido...penso que nao adianta terapia nenhuma, pois isso só vai reprimir um desejo que existe nele.

A questão é saber se vc aceita isso p/ tua vida, a partir dai fica fácil decidir..


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Dr. House
No PF desde: 15/05/2010

Você aí não pergunta nada, apenas relata o que ocorreu, ótimo, diante disso, como disse o Júpiter, desejo-lhe boa sorte.

Porém tem uma coisa, vc diz:


“Muito provável se ele tivesse me aberto isso antes eu não estivesse mais com ele eu já tivesse resolvido minha vida, agora envolvemos mais uma vida que é do meu outro filho e com dois filhos é preciso muita cautela para não acabar sobrando para quem nada tem a ver com nossos conflitos, que são nossos filhos.”

- Egoísmo sem limites hein? Se você tivesse-lhe falado sobre sua traição (pelo seu post entendi que não) ele também talvez pudesse ter resolvido separar-se de você e seguido em diante com a vida, antes do segundo filho, no fim, você se tornou exemplo vivo daquele ditado: Nada como um dia após o outro.


Ninaleonel
No PF desde: 15/09/2010

Circe,

Sua pergunta para mim é uma retórica. Evidente que ele sabe do que passei, por isso ele acha que essa é uma última tentativa que nós temos, e possivelmente por isso ele tende acreditar que eu perdoarei.E é bem provável que por ter essa vida tenha me perdoado.

O fato é que ele não me traiu com uma mulher, que ao meu ver seria muito mais difícil, partindo do princípio que mulheres tem um envolvimento emocional muito mais profundo, ele me traiu com um homem que a própria natureza já nos mostra serem muito mais racionais e menos afetivos, lidam com a razão não com a emoção, tanto que ele na mesma hora disse que ia decidir com o tal cara, se fosse uma mulher haveria choros e conflitos, me procuraria encheria o meu saco. Como é um outro homem e por mais que houvesse algum tipo de sentimento, jamais me procurou por saber que pode se desvencilhar dele e gostar de outro sem qualquer problemas.

Eu tenho direito de rejeitá-lo sim, esse é o meu direito natural, se ele me aceitou com a minha extra ligação isso só diz respeito a ele, por isso não vejo que tenha perdido esse direito, pq fiz, contei e ele aceitou, eu posso não aceitá-lo por várias razões, razões que posso até expor para que as pessoas vejam nesse relato alguma experiência que possa precisar. Posso não aceitar por me achar incapaz de entrar numa \"disputa\" com algo maior que eu. Você deve saber que relações homosexuais são muito mais complexa do que entre um homem e uma mulher com as imensas variações que há nesse caso.

É isso.


Mas te agradeço e digo, coloquei o meu relato para que alguém que já tenha vivido ou mesmo conhecido um caso desses possa trocar idéias sobre isso comigo.


Ninaleonel
No PF desde: 15/09/2010

Obrigada Kathy, graças a Deus estou amparada por pessoas que estão sendo excepcionais e eu agradeço a Deus por te-las. E o que me fez vir a procurar uma ajuda na internet foi o fato de que eu não posso expor essa situação para meus amigos e familiares, conto com duas pessoas, que não tem experiencia alguma com esse conflito e que estão do meu lado para me amparar, que já é uma grande ajuda mas que não podem de fato me aconselhar.


Ninaleonel
No PF desde: 15/09/2010

Quando afirmo a bissexualidade dele já estou aceitando. Aceito o fato, mas não sei se aceito pra mim entende?

A terapia foi como disse a ele, serve para nos ajudar a ter as nossas certezas, nenhum terapeuta é louco de querer te dizer o que é o certo ou o errado, ele vai te apoiar na sua certeza a partir do instante que vc tem uma opção. Quanto a reprimir disse isso para ele que me afirmou que não é uma opção é uma tara. Diante disso eu deixei bem claro que ele não pode ir contra a própria natureza dele pq a gente mais tarde vai esbarrar com os mesmos problemas e cada vez mais dificultando nossas vidas, pq temos dois filhos que precisam da nossa conduta e força. Não quero meus filhos maiores dizer que nós fomos irresponsáveis. Meu marido relacionou o período na juventude quando quis experimentar drogas, ele experimentou gostou e quando ele quis parar parou, ele é determinado? É. Sempre foi, acho-o super maduro emocionalmente, mas ainda não sei quanto a mim.


Obrigada de verdade por ter essa oportunidade de responder com isso me desabafar.


Ninaleonel
No PF desde: 15/09/2010

É House, você é pragmático como o personagem? Espero que sim.

Eu não escrevi que ele soube do meu caso que na verdade não foi caso, foi um grande amor na minha vida que eu deixei em nome do imenso amor que tenho pela família, por tudo que construimos, pelos nossos filhos. Mas naquele momento ele soube sim, me perdoou e seguimos. Só que não sei se o perdão dele veio da vida que ele já tinha paralela.

Eu com toda a certeza do mundo não sou egoista, muito pelo contrário, existe altruísmo latente em mim, se eu fosse eu deixaria ele agora para viver a minha vida, pegaria para mim aquela velha frase: EU me amo. Mas o meu amor próprio é muito menor do que o amor que eu tenho pela vida e pelo meus filhos, e porque não por ele? Eu o amo, do meu jeito mas é um amor. E estou querendo primeiro digerir tudo isso para aceitar.