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Bater nos filhos
sex, 28/09/2012 - 01:56
#2
Miguxos, miguxos...
A reclamação maior de 10 entre 10 brasileiros há mais de duas décadas: a violência aumenta ano após anos em níveis alarmantes. Todo mundo se diz esgotado, amedrontado, exaurido e preocupado com a violência da nossa sociedade e alerta que ela já nos dominou, pois hoje somos prisioneiros em casas gradeadas, carros blindados, alarmes, seguranças, chaves e cadeados e por aí vai.
Pois é.
Alguém se deu ao trabalho de abrir o artigo da UFPR que postei lá atrás? Uma das pesquisas ali apresentadas diz que o percentual de crianças corrigidas pelos pais hoje se encontra assim dividido: 51,5% já "tomou uns tapas" ao ser corrigido; 36,6% já "tomou uns tapas e algumas surras"; 11,9% nunca apanhou. Ou seja, trocando em miúdos: 87,5% dos menores já sofreram castigos físicos dos seus pais ao serem corrigidos. Quase nove em cada 10 crianças já apanhou, desde uns tapas até algumas surras, ao ser corrigido pelos seus pais.
Aí vem a pergunta: e nós AÍNDA não entendemos porque vivemos numa sociedade extremamente violenta????
Se para 87.5% das nossas crianças, em média, já demonstramos que, dependendo da situação, vc pode usar da violência física para fazer valer a sua ordem, como não querer que a LEI DA SELVA impere na nossa sociedade?
Eu não consigo entender como as pessoas não conseguem relacionar uma coisa com a outra...
Claro que há mais causas para a violência, mas será que se pudéssemos ao menos ERRADICAR a violência familiar, uma das causas mais importantes da escalada de violência não seria também erradicada, qual seja, aquela que nos é ensinada desde a infância, de que em uma situação extrema, basta que sejamos mais fortes que o outro que poderemos lhe impor a nossa vontade?
E sobre a intromissão do Estado: é exatamente para se intrometer na vida dos particulares que o Estado existe! Porque os seres humanos já provaram que não conseguem conviver pacificamente em sociedade sem um aparato superior e regulador que mantenha uma ordem mínima. Evidentemente que se essa intromissão se tornar uma tentativa de manipulação sorrateira, deverá ser coibida, mas PROIBIR O ESPANCAMENTO INFANTIL PELOS PAIS está muito longe de ser uma dessas manobras ocultas citadas pelo meu nobre Jundiah Brtother.
E antes que venham me admoestar: "ahhh, mas estamos falando de palmadinhas sr. Júpiter, não distorça nossos argumentos!" - meus caros, palmada nada mais é que um eufemismo para pancada, donde deriva o verbo espancar! E mais: raras vezes vemos um pai ou mãe repreendendo fisicamente um filho com apenas UMA palmadinha de leve. Normalmente é mais de uma palmada e não é tão de leve assim, até porque na ponta do tapa está uma criancinha, ou seja, o que é uma palmadinha para nós equivale a uma pancada violenta para o infante. Quando não são chineladas, o que é pior: usar de um instrumento contundente para causar dor e sofrimento NO PRÓPRIO FILHO!
Sinceramente, não consigo entender como é possível que em pleno século XXI ainda existam pessoas que defendem esse tipo de atitude. Mas deixo claro que não vai aqui nenhuma ofensa aos mesmos, respeito o entendimento contrário, só me expresso dessa forma para deixar clara a minha incredulidade com tal constatação.
S2!
sex, 28/09/2012 - 08:35
#3
I agree!!
sex, 28/09/2012 - 09:33
#4
Quote:
Eu não consigo entender como as pessoas não conseguem relacionar uma coisa com a outra...
mas miguxo... se vamos usar a violência atual como parâmetro, então voltaremos a surrar os filhos com cinta até moer o vivente!
antigamente quando apanhavam muitoooo não havia a violência que impera hoje...
e as crianças que nunca levaram uma palmada, com educação ultra permissiva, e que colocam fogo em mendigo? batem em colegas na escola, nos pais e nos avós? de onde vem esta violência?
(daqui a pouco eu volto, dia corrido hoje... ótimo debate galera)
sex, 28/09/2012 - 10:12
#5
Perfeito, Ana.
Vejo cada vez mais uma educação onde os pais são ultra megas complacentes com os filhos. O resultado é colocar fogo em índio, arrancar os olhos de uma gatinha, como aconteceu esses dias..
Antigamente além das molecagens habituais de todas as crianças, o que fazíamos? Nada que fosse passível de constar como crime hediondo. Hoje adolescentes, e nem tão adolescentes assim, cometem verdadeiras atrocidades e as pessoas ainda não conseguem detectar que tem algo errado com a educação.
Prefiro mil vezes uma surra do que essas vistas grossas que os pais fazem hoje em dia. Pq? Pq demonstrava que os nossos pais estavam muito mais preocupados em nos tornar adultos responsáveis e dignos. Hoje a forma de educar me parece muito mais - ahh, deixa assim, dá menos trabalho que se eu for me envolver.
Claro que sempre haverá crianças que nunca precisarão de umas palmadas. São personalidades mais dispostas a ouvir, a atender o que se pede, normalmente são crianças mais adultas até.
Mas não me digam que não há crianças que têm momentos que nada resolve. Há. Eu fui uma criança assim. Eu só obedecia quando EU achava que merecia obedecer. E quem era eu, uma pirralha, magrinha, baixinha achando que podia saber mais que meus pais se aquilo era passível de ser obedecido ou não? Tinha mais era que levar minhas surras quando desafiava a autoridade deles. Hoje dou graças a Deus por ter recebido, minhas chineladas.
Imagina eu hoje achando que posso desafiar minha chefe pq não concordo com o que ela me manda fazer? Já estava na fila do desemprego faz é tempo...
O que vejo nessas crianças de hoje é muito abandono por alguns pais. Eles trabalham, vão viajar, trabalham mais ainda pq hoje o TER é mais, sempre mais.. E observo muito pouca atenção para os filhos.
Penso que muito mais que uma surra, o que realmente deixa uma criança traumatizada é a falta de diálogo, a atenção e carinho dos pais. Não saber que eles são a prioridade.
Não sou contra os pais trabalharem, claro. Acho legais pais que conseguem sair um pouco, viajar juntos algumas vezes, enfim, terem uma vida de casal e social. Mas jamais em detrimento de ficar com os filhos. Quer ter independência total? Autonomia total sobre o seu tempo? NÃO TENHA FILHOS.
Filhos tiram tempo, dão trabalho, exigem atenção, algumas (várias) renúncias ao longo da vida..
Tudo bem os filhos não apanhem mais. E possuem carinho, um colo? São recebidos depois de uma pelada com os amiguinhos com um café quentinho e um bolo gostoso?
Me parece que muito mais que apanhar, o que está deixando essa nova geração perdida e violenta é a falta de carinho, não se saber ser amado de uma forma incondicional que só os pais sabem. E amor incondicional impõe limites, educa, se preocupa com o futuro, não joga para a escola o papel de educador que é SOMENTE dos pais....E, sinceramente, não vejo isso na maior parte da educação de nossas crianças..
Será mesmo que o problema da violência são as surras ou é uma geração que se sente abandonada, que não sabe o que são pais educadores no melhor sentido? Será que o que falta não é amor para as nossas crianças? (só não me digam que bater nos filhos reflete isso pq nunca conheci um amor mais verdadeiro do que a preocupação dos pais em me fazer a pessoa que sou hoje, com conversas, castigos e surras)
sex, 28/09/2012 - 10:33
#6
Miguxas e miguxos:
Primeiro que eu nunca preguei que se tenha uma educação permissiva e omissa e que se faça "vista grossa" às malcriações. Acho que já fui bastante claro nesse sentido e nem vou comentar para não ser repetitivo.
Segundo, que eu fui o primeiro a dizer aqui que os pais despreparados são os maiores responsáveis por filhos malcriados e que se é para punir fisicamente os filhos malcriados, que se puna ANTES os pais que os educaram mal e que botaram filho no mundo sem estarem preparados para tanto. Aí entram os filhos "sem limites" e etc. A questão aqui é que defendo outra forma de imposição de limites. Nunca defendi que "não se dê limites" aos menores.
Terceiro que se formos querer sempre retroceder nos nossos comportamentos porque "antigamente era melhor", então vamos desligar a luz elétrica das nossas casas, deixar os carros nas garagens e passarmos a usar tanga de pele de tigre e tacape de madeira, porque era assim que os neanderthais (ou os Australipithecus, rsrsrsrss - desculpe irmão, não podia perder a deixa!) andavam sobre a Terra e tudo era melhor naqueles tempos, não havia poluição, violência nas cidades, drogas e etc.
O que estou dizendo é que a abolição da violência EM TODOS OS NÍVEIS tem sido uma construção paulatina do Direito e da Sociologia nos últimos dois milênios, então temos que pensar para a FRENTE e continuar nessa marcha varrendo a violência doméstica, depois a urbana, até que erradiquemos todas as formas de vilência física da sociedade. São os ANIMAIS, mediante a LEI DA SELVA, que devem usar a força para sobrepujar o outro e sobreviver às custas disso, não os ceresumanos.
E sobre o que o Gulherme postou abaixo: sim, concordo, eu também apanhei na minha infância e nem por isso virei um perturbado, assim como toda a minha geração e as gerações que vieram antes de mim. Mas, como eu disse, temos que pensar PARA A FRENTE e o caminho que está sendo trilhado, vide as Convenções da ONU já citadas, é de erradicação da violência física em todos os níveis. E é com isso que concordo.
"ahhh Sr. Jupiter, mas isso é um utopia, a realidade é dura e cruel, etc etc" - bem, acho que temos que começar por ALGUM lugar e nada mais adequado que começarmos pela nossa própria família, "dando o exemplo", como falou nosso guru Mauro lá em cima.
S2!
sex, 28/09/2012 - 10:41
#7
longe de mim querer voltar aos tempos de 'antigamente' , miguxo... só fiz um paralelo com o teu post que vincula o aumento da violência atual com receber castigo físico ou não...
sex, 28/09/2012 - 11:12
#8
Saudações Caro Miguxo!
"O que estou dizendo é que a abolição da violência EM TODOS OS NÍVEIS tem sido uma construção paulatina do Direito e da Sociologia nos últimos dois milênios, então temos que pensar para a FRENTE e continuar nessa marcha varrendo a violência doméstica, depois a urbana, até que erradiquemos todas as formas de vilência física da sociedade. São os ANIMAIS, mediante a LEI DA SELVA, que devem usar a força para sobrepujar o outro e sobreviver às custas disso, não os ceresumanos"
Entendo perfeitamente a colocação, de fato, erradicar todo tipo de violência é sempre muito auspicioso. Mas os exemplos das miguxas e o meu, são testemunhos que a "violência" que sofremos foi benéfico a nós, e que a falta de laço em muitos casos, vai promover violências muito piores no futuro.
Podemos criar uma equação matemática assim? Não violência + amor de verdade= não violência no futuro!
ou assim: Não violência + tolerância em excesso/despreparo = violência no futuro!
ou assim: "violência educativa" + amor de verdade = não violência no futuro!
A primeira alternativa, seria a ideal, não há nada de estranho nisso; obstante...somos frutos da última opção, oxalá que toda sociedade fosse oriunda de alguma violência eventual e saísse como eu, como você, como as miguxas...como as pessoas de bem!
No nosso caso, as surras passadas não foram os formadores mais importantes da nossa personalidade, mas sim o foi toda aquela atenção e cuidado que nossos pais dedicaram a nós, é isso que ficou, isso que nós levaremos até o fim de nossos dias. Fazendo uma analogia com o desenvolvimento das armas nucleares no final da Segunda Guerra Mundial; a "violência" que impôs limites na infância, pode ter proporcionado a paz vindoura, para nós e para nossos semelhantes.
Os ingredientes mais importantes na formação de uma pessoa (amor, atenção, paciência, retidão), têm mais peso do que uma palmada educatória se por ventura essa for usada.
Mundo ideal? os ingredientes menos a palmada!
É possível? Equilibre os itens descritos para que a palmada seja usada o mínimo necessário.
E se o plano palmada zero não der certo? O que é de fato importante, vai suplantar....a VERDADEIRA educação não gravita em torno da palmada, antes o contrário em famílias equilibradas.
Aquele Hidromel miguxo!
P.s 1: poderiam ter lançado a bomba na baía de Tóquio né?
P.s 2: quero ver uma discussão tão boa como essa sobre HIDROMEL futuramente!
sex, 28/09/2012 - 08:47
#9
Bom dia pessoal... Continuamos o debate... Antigamente, a gente ganhava suspensão em escola quando respondiamos de mal jeito a um professor, a educação hj esta tão mediocre, que tudo que se faz contra uma criança é bulling... Nada ajuda!!! Eu qdo pequena por ser negra, me chamavam de neguinha, macaquinha coisas assim e simplesmente falavam que era coisa de criança... Ontem na escola do meu filho meninas de 10 anos, se pegando no [***] como dois trogloditas, puxões de cabelo, socos, e o que aconteceu? Nada... chamaram os pais, a brigada separou e nenhuma suspensão... Oxiiiiiiiiii e vai dezer que essas bestinhas ai não mericiam uns bons tapas? Se fosse minha, eu dava na frente de td mundo kkkkkkkk pra aprender...
sex, 28/09/2012 - 09:15
#10
BOM DIA CAROS IRMÃOS, na minha época de primário, nós não ganhavamos suspensão, era fazer qualquer coisa errada, até mesmo falar um palavrão para outro aluno, a professora se incumbia de tirar a vara de cerca-viva e bolia no lombo e depois joelhinho sobre grão de milho, ou tampinha de garrafa, e em casa outra grosa de laço, o que os irmãos tem que colocar na cabeça, é que desde quando nascemos existem regras e elas tem que ser cumpridas, se não será punido, seja no trabalho, no lar ou perante a sociedade, ah não me esquecendo PAI E MÃE TEM SIM AUTORIDADE SOBRE O FILHO, e tem que se valer disso, TENHAM SABEDORIA IRMÃOS E JEJUEM
Saudações Caro Austra!
Já imaginou? Na calada da noite, a Veraneio Vascaína vai singrando as ruas desertas, de repente...seus faróis iluminam um grupo de jovens juntos, claramente escondendo alguma coisa. Do alto falante da viatura: "Subversivos!!!! Encostem na parede, sabemos que vocês têm um livro de Monteiro Lobato alí!!"
rsrsrsrsr