Bater nos filhos

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andyazambuja
No PF desde: 09/07/2012

Sabe o que tenho mais medo? É do futuro, vejo tanta coisa acontecendo, acabo de ler uma reportagem onde um guri de 16 anos, arranca os olhos da mãe e pedaços do seio dela e come... E me pergunto, será que a educação desse piá foi abaixo de pancadas, ou sem nenhum limite... Antigamente, o pai da gente bastava olhar com o rabo do olho nos ja sabiamos o que tinhamos o que fazer, hoje, tu pode pular, esperniar e gritar, não adianda, o vivente não vai parar enquanto tu não olhar diretamente pra ele e falar para... Deus defenda essa nova geração de filhos e de pais...


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Laloca
No PF desde: 17/03/2010

Ahhh todo mundo já levou puxão de orelha, chinelada na bunda, ficou de castigo e tá ai vivinho da silva...

A dor ensina, isso vale tanto pra vida quanto pra chinelada no bumbum!!

Deixando claro que sou a favor de palmada/chinelada como forma de correcão a um comportamento que eu desaprovo!!

Pois quem manda é pai e mãe, se a crianca tá fazendo arte o pai e a mãe tem que saber educar a crianca, se for pelo meio da palmada paciencia...


D@ny
No PF desde: 16/08/2011

Concordo com a Laloca.. hehe


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AQUARIANA DENGOSA
No PF desde: 18/02/2010

Eu não sou contra a palmada ou algum tapa mais leve como reprimenda por uma insurbodinação dos filhos.


No meu caso específico, jamais bati no meu filho exatamente pelo imenso receio de acabar agindo da mesma forma violenta e extremamente agressiva que minha mãe, e pelo próprio trauma das incontáveis e graves surras que levei. Mas também tinha receio de que a ausência de uma atitude mais enérgica da minha parte, como uns tapas de caráter educativo, pudesse o transformar num adolescente sem limites ou um futuro delinqüente.


Então fui obrigada a encontrar outras formas de educar direito meu filho, sem jamais bater nele (eu não conseguia sequer me imaginar batendo numa criança, ainda mais sendo meu filho!!!) mas também sem o transformar num bandido.


Penso que uma palmada vindo com uma explicação do porque está sendo dada, e de forma justificada que a criança entenda, tende a educar.


È exatamente pelo fato de bater sem qualquer explicação, que de nada vai adiantar, não vai educar mas sim deixar a criança revoltada e algumas vezes até com a tendência de vir a repetir o mesmo erro logo adiante, de forma consciente, apenas por birra.


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Como dizia sabiamente o Nelsão, "só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva."

S2!


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Bem, bem, bem… por onde começar? :)


Talvez pelo início! Parece uma boa ideia, não?


Quote:
Achava que não existiam na minha geração pessoas que ainda batiam nos filhos como forma de educar.


Qual a questão aqui? Educação? Transmissão da cultura, valores, regras, comportamentos? Parece óbvio, não? Parece, mas não é!


O erro de toda essa discussão é que ela está sendo vista por vosmecês a partir do fato puro e aparentemente degradante de uma agressão física.


Olha, não quero "me gambar" - como diria o Lulla - mas é preciso ter visão um pouco mais larga.


O que se discute, na verdade, é uma normatividade para o comportamento, uma normatividade retilínea e totalitária. E aqui a questão da reprimenda física é realmente irrelevante. O relevante é que essa normatividade, com o ECA, por exemplo, rompe a fronteira público/privado. E isso é inadmissível, pois habilita o Estado a intervir aonde não é de sua competência: a privacidade do lar.


Essa normatividade de comportamento que tentam impor - e que se reflete, por exemplo, no ECA - tem um origem muita clara: o totalitarismo. Paralelamente, esse tipo de normatividade corrompe o próprio conceito de autoridade - algo bastante útil para os fetichistas do Estado.


Bem, obviamente vocês não conhecem a história de um garoto russo chamado Pavlik Morozov. Resumidamente: ele denunciou os pais ao partido como dissidentes. Resultado natural: foi condecorado pelo Politburo.


Vocês podem inteirar-se do caso aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Pavlik_Morozov


Mas, voltando. Qualquer normatização em um campo que não pode de fato ser normatizado - o campo do comportamento humano - acaba como no caso do rapazinho aí.


Mas aí você pensa que isso não acontece com você né? Ah não? Se eu ouvir agora meu vizinho batendo em seu filho e eu acionar o Estado, a vida do meu vizinho estará acabada. Por outro lado, se eu ouvir o filho espancando o pai, roubando seu lar para comprar drogas ou se eu testemunhar esse mesmo filho abusando de sua irmã e eu acionar o Estado, não fará qualquer diferença, pois instrumentos como o ECA agem a favor da subversão.


Quer outro exemplo? Você pode até querer fazer Homeschooling com seu filho, pois você acha o ambiente escolar péssimo, os professores idiotas, os livros didáticos uma merda, o que seja. Pois é, vai ficar querendo, porque o estado não permite isso. E não permite isso por um fato monstruoso: a invasão da esfera privada por parte do poder público.


Então, meus caros, a questão é muito simples: não deve ser vista nem pelo umbigo sentimental nem pela lei aí vigente.


Na verdade, não há nada para discutir: o Estado repressor já está aí dormindo em nossas camas e nem percebemos.


E é aí que nos fodemos, pois o falo do Estado é infalível.


O Estado repressor começa a se infiltrar como uma goteira inocente e não damos bola. Hoje um pai não pode usar de força contra seu filho, mas seu filho pode usar de força contra ele. O nome disso? Subversão. Daqui um tempo, quando o Estado proibir reuniões de qualquer caráter na casa de cada um, quando proibir liberdade de culto, quando dizer o que devemos ou não ler, lembrem-se: essa gente que fará isso é porque não sofreu reprimendas físicas quando crianças. Não têm senso de autoridade e por isso tornam-se os mais destrutivos autoritários.


Quando toda a sociedade se transformar em Pavlik Morozov, viveremos a paranóia da Alemanha Oriental, onde você sequer falava com seu vizinho por medo dele ser um agente do Estado e te denunciar pela "saúde do Estado".


São atrocidades legais como o ECA que corrompem o Estado e a sociedade. Hoje, um pai não pode usar de força com o filho (mesmo que seja um marginal), assim como mal podemos podar uma árvore em nosso próprio quintal - meu vizinho ecologista pode me denunciar e me ferro. Assim como a minha vizinha mamãe de coração mole acha que eu não posso usar de força contra meu próprio filho e me denuncia. O que vocês acham que está por vir?


E é isso aí.


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Olha miguxo, eu não sou letrado em sociologia ou filosofia, sou só um mero jurista, então nem me atreverei a ingressar nessa seara da normatização do comportamento, da subversão e das tentativas do Estado de se intrometer nas nossas vidas, entre tantas outras coisas que bem mencionaste acima. Não é a minha área, não consigo argumentar sobre isso.

Mas sobre a área que consigo, te digo que não enxergo a coisa nesse nível que descreveste. Para mim, instituir o ECA e abolir o castigo físico não se trata de uma conspiração sorrateira, parte de um plano oculto muito maior, do Estado, para se intrometer na vida das famílias e passar a controlá-las. Vislumbro por ângulos menos complexos, talvez por ignorância, talvez porque a coisa seja, de fato, menos complexa.

Primeiro, porque não importa quais sejam as razões aparentes ou ocultas, o que importa é que o castigo físico, na minha concepção de vida, é algo intolerável. Posso estar errado, posso ser o único ser vivo no mundo a pensar dessa forma, mas para mim é inconcebível que o mundo jurídico tenha caminhado para a erradicação TOTAL das penas físicas, por milênios desde a sua criação, mas continue permitindo que ela seja utilizada no seio da família. Um preso não pode mais ser torturado nem para confessar os crimes mais inconfessáveis. O seu inimigo mortal, numa guerra, é protegido pela Convenção de Genebra e não pode sofrer castigo físico. Mas SEU FILHO pode. Não há como justificar isso (e por esse viés, talvez eu esteja confirmando o que escreveste nos primeiros parágrafos, mas antes de concluir isso, continue lendo até o final).

Segundo e nessa esteira, fruto da evolução do Direito por milênios (e das ci~encias de comportamento, todas elas), nas sociedades ditas "mais evoluídas"(nem vamos entrar nessa questão ok, sobre o que é ser mais ou menos evoluído, sabemos de quais países falamos, qquer coisa o Google resolve), a violência física foi totalmente abolida. Por sua vez, a ONU encampou essa luta de modo ferrenho, conforme eu citei umas páginas atrás, então os Estados signatários das suas convenções são OBRIGADOS a criar uma legislação que siga o norte dado pela Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente e o ECA nada mais é do que a maneira brasileira de obedecer a essa ordem mundial. Lembre-se, a convenção da ONU foi aprovada em 1989 e o ECA é de 1990, ou seja, tratou-se de uma adequação do ordenamento brasileiro àquilo com o que concordamos internacionalmente ao subscrever tal convenção (da mesma forma que fizemos com as Convenções de Direitos Humanos, de Abolição dos Artefatos Nucleares, de Proteção ao Meio Ambiente, ao Protocolo de Kyoto e por aí vai). E a isso somos obrigados, pelo regramento internacional e pela nossa Constituição, que diz claramente no parágrafo 3º do art. 5º que "Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais".

Portanto, fazendo o gancho com o início: pra mim, a circunstância é mais simples. Primeiro, não concebo a violência como método de educação. Pra mim, seja uma palmada ou uma surra de cinto, trata-se de REPRESSÃO. Segundo, evoluímos conforme o mundo evoluiu (ou tem evoluído), nos alinhamos com a organização maior do globo, a ONU, e aderimos a todas as suas lutas. Com essa não poderia ser diferente. Se isso vai implicar na intromissão maior do Estado nas nossas famílias, vejo isso como o ônus por insistirmos na nossa DESEDUCAÇÃO, um preço a ser pago por nossa sociedade ser o que é.

S2!


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Saudações nobre Jundiah Knight!


Bem, eu mesmo não sou formado em nada. Só fiz homeschooling e até hoje o Estado não me reconhece como minimamente educado ;)


Sim, sim, entendo teu ponto. E não está subjetiva nem legalmente equivocado.


No entanto, a ONU, você há de convir, é uma organização de regulamentação mundial. O que é deveras sugestivo. Qual será o propósito de uma infinidade de nações partilharem de um corpo jurídico minimamente comum? Note que tipo de manipulação jurídica pode-se fazer em um nível verdadeiramente mundial, eliminando idiossincrasias e até mesmo matando culturas autóctones em nome da liberdade, igualdade e fraternidade entre as gentes. E tudo isso amparado na… lei. Interessante, não?


Quote:
o que importa é que o castigo físico, na minha concepção de vida, é algo intolerável.


É a questão da normatização. Não há nada errado em você pensar isso. Como não há nada errado em um pai usar de autoridade com seu filho. O grave é uma normatização legal que confronta minha autoridade autônoma e precedente ao Estado, pelo menos no meu próprio domínio. Um pai tem mais direito sobre o filho do que o Estado. Isso é o que entendo e compartilho. Mas há outras teorias igualmente viáveis que se coadunam com tua posição.


A discussão tem a mesma matriz e propósito da discussão acerca do aborto: pouco importa o que eu, tu ou ele pensemos acerca do tema. O que importa é a posição do Estado com relação à autonomia das pessoas.


O ECA tem seus méritos? Sim. Mas, tal como fizeram com a legislação trabalhista, quiseram defender tanto, tanto, mas tanto a criança, que ela é praticamente propriedade do sistema jurídico e, portanto, do Estado. E isso é abuso do Estado. Da mesma forma, a proteção ao trabalhador é tanta que qualquer pessoa jurídica evita ao máximo ter empregados com carteira assinada. Leis boas em intenção, mas trágicas em sua aplicação.


Sim, o fato de o Lisarb ter efetivado o ECA como resultado de uma adequação à ordem mundial mostra bem uma coisa: estão pensando por nós, quem legisla aqui é a ONU, não o governo para os brasileiros.


Saudações e S2!


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Saudações Caro Austra!


Verdadeiro artigo para ler mais de uma vez! O estado escrevendo a bula familiar, com o intuito público de dar amparo ao menor.....mas, talvez sob o pretexto de encobrir o resto do iceberg? Pode ser que sim, pode ser que não; uma boa idéia que pode virar algo nocivo com o tempo, se em mãos erradas. Não custa investigar todos os desdobramentos né?


"Se eu ouvir agora meu vizinho batendo em seu filho e eu acionar o Estado, a vida do meu vizinho estará acabada. Por outro lado, se eu ouvir o filho espancando o pai, roubando seu lar para comprar drogas ou se eu testemunhar esse mesmo filho abusando de sua irmã e eu acionar o Estado, não fará qualquer diferença, pois instrumentos como o ECA agem a favor da subversão"


Material para refletir bastante sobre liberdades individuais tungadas pelo estado..para refletir bastante!


É um outro modo de abordar esse complexo assunto, pode parecer um pouco fora de foco (o que vou escrever agora), mas agora lembrei daquele belo livro de Orwel....Revolução dos Bichos!


Muito interessante caro Austra!


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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Quote:
O que se discute, na verdade, é uma normatividade para o comportamento, uma normatividade retilínea e totalitária. E aqui a questão da reprimenda física é realmente irrelevante. O relevante é que essa normatividade, com o ECA, por exemplo, rompe a fronteira público/privado. E isso é inadmissível, pois habilita o Estado a intervir aonde não é de sua competência: a privacidade do lar


Quote:
O Estado repressor começa a se infiltrar como uma goteira inocente e não damos bola. Hoje um pai não pode usar de força contra seu filho, mas seu filho pode usar de força contra ele. O nome disso? Subversão


Eu acho que o Austra fechou a questão, clamar para que o Estado intervenha MAIS AINDA na relação familiar é pedir pelo cerceamento de mais um dos nossos direito básicos: A liberdade de nos relacionarmos com os nossos.

Lembra-me muito uma dissertação sobre o filme MATRIX, muito interessante inclusive quando chama atenção justamente sobre a não percepção e cegueira da sociedade sob as implacáveis mas também invisíveis garras que vão se estendendo sobre nós pelos Estados.

Mas a “prisão” às vezes é cômoda, ter alguém para decidir por nós o que é certo ou errado, o que devemos ou não fazer é uma paraíso para muitos.