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Pai/Mãe: modelo?
Moça,
Tenho 32 anos e uma história que, em linhas gerais, parece a sua. Eu também idolatrei minha mãe por muito tempo. Achava que o problemático da história era o meu pai. Com o passar dos anos, percebi que a história não era bem assim... Que ambos eram humanos e cheios de erros e defeitos, não apenas meu pai.
Esse processo é doloroso, mas no final das contas gera um alívio. Afinal de contas, ao nos darmos conta de que nossos pais não são perfeitos, tiramos de nossas costas a obrigação de sermos nós pessoas perfeitas, não é?
Meus pais são vivos, graças à Deus. Hoje entendo que eles fizeram o melhor que puderam, o que estava ao seu alcance. Se não fizeram melhor, não foi porque não quiseram, mas porque não conseguiram.
A humanidade dos nossos pais é a desculpa que todos temos que usar para aceitar as atitudes não completamente absurdas que eles eventualmente cometeram contra nós. As não completamente abusrdas, vamos salientar.
Eu acho que meus pais erraram muito comigo, muitas vezes foi tentando acertar, tentando fazer a coisa certa. Outras foi apenas descaso, comodismo. Mas nunca foi algo feito com o claro intuito de prejudicar. Creio que isto é que temos que ter em mente ao julgarmos nossos pais.
Nossos pais são, ou foram, humanos, e erraram muito, sem dúvida. Mas se o fizeram sem malícia, na melhor das intenções, não há porquê crucificá-los. A gente aceita e deixa pra lá.
Moça
Eu amo profundamente minha mãe. E ela é uma mãe espetacular. Mas eu consigo enxergar todos os defeitos que ela tem.
Mas falando em linhas gerais:
Pai e mãe nem sempre são seres dotados de amor que fariam qualquer coisa pelos filhos. Muitos estão nem aí para os filhos. Muitos só sabem fazer mal para os filhos. Mas essa visão que dá aos pais quase que uma autoridade divina, faz com que esses filhos subjugados se sintam eternamente culpados pelo comportamento dos pais ou por não gostar dos pais.
Como eu tenho uma visão nada romântica acerca de maternidade, sempre defendi que se um pai ou mãe te faz mal, você tem todo o direito de se afastar ou até mesmo cortar relações.
Ops, desculpa, essa não foi sua pergunta, me extendi um pouco.
Eu não tenho muito para falar sobre esse assunto, já que lá em casa a educação foi relativamente liberal e a minha mãe é uma pessoa inteligente e de cabeça aberta.
Mas conheço inúmeros casos de pessoas que não conseguem entender que pai e mãe não são perfeitos ou que mesmo depois de donos de suas vidas, não conseguem deixar de obedecer pai e mãe.
Pai e mãe: humanos, demasiado humanos. (Como diria Nietzsche).
Sábio o filtro que consegue reter o que é bom e derreter o que é ruim dos pais, em uma necessária humanização que faz parte da maturidade (ou deveria fazer).
O único problema são as feridas... que não são nem um pouco racionais. São humanas, demasiado humanas.
Acho que todos somos únicos (inclusive Pai e Mãe) e como toda indivualidade existem pontos que não são modelos positivos e outros negativos, oq sei e que cresci em meio a uma familia que sabe diferenciar esta individualidade apontar caminhos mas saber que o outro e quem deveria optar por qual queria ir! é oq me tornou oq sou hoje :-) Feliz!! com alguns fantasmas pois sou humana mas essencialmente bem resolvida! rs
A moça disse tudo:
\"No fim das contas meu pai deixou de ser o demonio e minha mãe deixou de ser a santa. Hoje os vejo como seres humanos que são, com incontáveis qualidades e defeitos.
Talvez minha idolatria pelos meus pais é que tenha durado demais.
Mas ainda tenho dúvidas de se/como/quando isso aconteceu com outras pessoas.
Tenho a sorte e o privilégio de ter meus pais vivos, e aceitar esse caráter humano deles me permitiu inclusive ter uma relação bem mais saudável e madura.\"
Eu sou adepto do pensamento de que os pais, mesmo errando muito, não o fazem por pura maldade. São humanos e também erram.
Que erraram muito comigo, não tenho dúvida. Mas da minha forma particular, contornei isso e atribuí esses erros à condição humana deles, de seres imperfeitos e falíveis.
E basta ocorrer um problema sério nas nossas vidas que, quando tudo o mais não está presente e quando até mesmo aqueles que se diziam irmãos de sangue e alma simplesmente sumiram, nos abandonaram à própria sorte sem render nenhuma homenagem àquela até então amizade indestrutível que existia (ao menos nas palavras), que nos damos conta que só eles restaram ali do nosso lado: os nossos pais.
Esse é o momento em que damos real valor a eles. Há exceções, evidentemente.
Mas no meu caso foi assim.
E como eu também sou imperfeito e falível, tenho as minhas limitações. Uma delas é que muita coisa eu perdoei, outras, simplesmente preferi esquecer, porque talvez não estivesse pronto para o perdão.
Mas tenho ciência de que por mais que dessa relação restaram algumas arestas não aparadas, no dia em que eu precisar e quando todas as outras pessoas já tiverem fugido da raia e me abandonado, eles estarão ali.
Não estou falando em dinheiro ou coisa semelhante.
Falo da simples presença deles, nem que seja apenas para me abraçar e confortar.
Eles não me julgam e condenam, porque eu sou e sempre serei para eles um filho, não importa a minha idade e independentemente das minhas atitudes.
Por isso que, respondendo à autora da pergunta, eu os tenho como modelo em muitas coisas da minha vida, mas certamente que não em todas.
Aproveitei os bons exemplos e descartei aqueles que não achei tão bons.
Ouvi os conselhos, mas trilhei meu próprio caminho. E continuo gostando deles, ainda que do meu jeito particular.
E quanto às mágoas, como disse antes, melhor é esquecê-las. Hoje tento apenas aproveitar a presença deles, sem cobranças e sem questionamentos, porque se aproxima a hora em que eles terão de partir. Então, enquanto ainda estiverem por aqui, vou me limitar a apreciar a companhia. Depois, se for o caso, me penitencio.
Mais ou menos assim que penso, respeitadas as opiniões alheias, evidentemente.
Eu via minha mãe em relação à minha pessoa, como alguém superior e com razão absoluta de tudo. Eu era a fracassada, a errada, a inferior. Em relação ao meu pai, nós 2 éramos pobres vítimas dos desmandos dele. E que os dois juntos me privavam das coisas normais de adolescentes (roupas de grife, ir nas férias para a praia) por vontade deles.
Com a terapia e o amadurecimento, eu vi, como a Ana disse que os pais são seres humanos, que erram e acertam, inclusive em nossa criação.
Então passei a ver que minha mãe era bem mais dominadora que dominada, meu pai era meio que mandado, não fui uma vítima da pobreza mundial, porque estudei em colégio e faculdade particular e nunca ajudei em casa, meu salário era só para mim e que não sou fracassada. Minha mãe tinha loja de roupas, eu andava com tudo que era da moda, só que não era de grife (aborrescentes, afff). Vi que minha mãe é muito atrapalhada com as coisas dela! :)
Meu pai já faleceu, era um bom homem sim e minha mãe me ajuda e muito com minha filha.
Passei a vê-los como modelo naquilo que tem de bom, e ajustar aquilo que não acho bom para o meu conceito de certo.