Oi, genteim!

Eu de novo. Nossa, hoje tô cheia de questões.

Bom, vamlá. Os pais do meu marido são donos de uma pequena empresa. Essa empresa vai mal das pernas desde que eu os conheço, e lá se vão mais de dez anos. Nesse período, não foram poucas as vezes em que socorremos e apagamos alguns incêndios (alugueis atrasados, execuções de valores, contas penduradas, unimed deles etc) até que, de uns dois anos pra cá, a coisa ficou preta mesmo. Os meus sogros não têm renda declarada e não podem comprar nada no nome deles, então tudo é no nome do meu marido. Só que quando eles não pagam, as cartinhas ameaçando colocar no SPC vão lá pra casa, e não foram poucas as vezes em que isso aconteceu.

Eu adoro os dois, são realmente pessoas muito boas, mas na minha opinião não dá mais pra continuar com essa empresa. A cada ano que nos pedem dinheiro a dívida antiga não só não é paga como eles renegociam e usam o dinheiro que emprestamos pra outras coisas, claro que sempre profissionais. A questão é que eles vendem produtos supérfluos e o mercado não está nada bom pra eles, então passarm 5, 6 meses sem vender nada e, enquanto isso, tem salário de funcionários, impostos, condomínio, agua, luz, telefones, comida, enfim, tem as contas normais pra saldar e eles não conseguem.

No ano passado, mesmo estando numa holy shit federal, vieram nos pedir pra emprestar o nome (e comprovar renda, o que eu acho muito chato de fazer, mas...) pra comprarem um carro zero. O carro é usado pro serviço deles, pois viajam muito e precisam de um certo conforto. Escolheram um monovolume de 50 mil. Achei um escândalo: não têm como pagar as contas, mas não tem medo de comprar um carro desses. Falei pro meu marido que aquilo seria o mesmo que dar a corda pra se enforcarem, mas ele fica numa situação muito difícil. Só ele pode ajudar, eles não tem mais ninguém a quem recorrer. O irmão mais novo é recém-formado e já tirou sei lá quantos mil reais em empréstimos pros pais. O guri se vira, tem emprego, se banca, e também já acudiu os pais, mas acho que por ele ser o mais novo e não ganhar bem meus sogros nem comentam muito com o meu cunhado como anda feia a situação.

Então, meu marido concordou em emprestar o nome e em pedir pro nosso banco financiar o carro, pros pais pagarem. Eu não concordei, disse o que achava, mas... a coisa ficou ainda pior. No meio do caminho eles mudaram de ideia e resolveram ficar com os 50 mil na mão. Disseram que iam se virando como podiam com o carro velho (que de mês em mês vai pra oficina e a conta é astronômica) e que com a grana poderiam pagar tudo o que deviam e recomeçar zerados. Aí que eu bati o pé e disse que não. Que tinha certeza de que o dinheiro ia se esvair e não sabia como a gente ia ficar se não nos pagassem. Meu marido ficou sem argumentos (logo ele), mas acabou dizendo que, se nos dessem o calote, a gente tomava o carro velho deles. Aham, Cláudia. E eles iam trabalhar no quê, então?

Bem, não emprestamos tudo isso, mas foi quase. Meu marido fez um projeto e apresentou a eles, com valores de parcelamento crescentes, pra que a cada mês nos pagassem um pouquinho a mais e pra que agora em fevereiro já tivéssemos recebido pelo menos uma parte do empréstimo, pois tínhamos que pagar um reforço de um imóvel que compramos. Eles concordaram e responderam "Pode mandar R$ X." Não gostei disso. Achei meio que "tá, tá bom, tá bom, mas manda logo esse dinheiro".

Mas adivinhem o que aconteceu?

Um ano passou e eles não pagaram NADA. Eu cobrei no ano passado e sequer me responderam. Nada. O reforço que devemos não foi pago simplesmente porque não tenho dinheiro.

Neste carnaval, eles vieram a nossa casa. Ontem só eu trabalhei e meu marido ficou em casa com eles. Quando voltamos, vi que ele e o meu sogro estavam falando de um novo empréstimo. Minha sogra, apesar de ser a mais ágil, esperta, inteligente e econômica, não falava nada. Tenho a impressão de que ela odeia isso, se sente mal por nos pedir ajuda, e que o pai dele não se constrange o quanto deveria. Terminaram a conversa assim, com o meu sogro dizendo: "Então tá, Fulano. Tu compra o meu carro e vê aí com o teu banco quanto eles cobram pra tu pegar um empréstimo no valor do que eu te devo, pra eu assumir as parcelas. Diz que podem cobrar o que quiserem de juros. 1%, 2%, o que for." Eu gelei. Não posso acreditar. Meu marido não disse nada mas, mais tarde, falou que tínhamos que conversar sobre a possibilidade de pegarmos no banco todo esse valor que nos devem pros pais pagarem direto o empréstimo bancário.

Eu não concordo, não concordo, não concordo. Não vou aceitar mais essa. Todo ano é isso. Começou com 16 mil num ano e nos pagaram, depois 20 mil no outro ano e pagaram, depois financiaram um carro no nome do meu marido e aos trancos e barrancos pagaram (mas com algumas visitas no SPC) e agora não pagam um valor absurdo, equivalente a um carro zero e ainda querem que a gente peça no banco essa quantia pra eles refinanciarem com a gente? Ou seja, pedem pra nós o dinheiro, não pagam e agora, depois de um ano, querem que esse mesmo valor seja retirado por empréstimo bancário pra eles teoricamente pagarem?

Cara, é um saco sem fundo isso. Já antevejo a guerra que vai ser... Meu marido não é bobo nem cego, é o principal crítico dos próprios pais, mas o que se pode fazer? São os pais dele. Ele é arrimo de família desde sempre! Meus sogros são uns amores, mas nos botam em situações complicadíssimas como essa!

Na verdade, minha postagem não é sobre o que vocês acham que eu devo fazer, mas sim como orientar meu marido a sair desse sequestro. Todo ano é isso e vai ser sempre assim! Desesperador!