"Dias desses me esbarrei com as impressões de um jovem francês a respeito de nossos costumes tupiniquins. Olivier Teboul, 29 anos, trocou a França por Belo Horizonte há pouco mais de um ano e, ao se deparar com as tais divergências culturais, o rapaz tem listado em seu blog as peculiaridades do nosso jeitinho. Lendo a lista, o que mais me chamou a atenção foi o item número 43: “Aqui no Brasil, relacionamentos são codificados e cada etapa tem um rótulo: peguete, ficante, namorada, noiva, esposa, (ex-mulher…). Amor com rótulos”. E aí eu me peguei pensando: será que esses rótulos realmente mudam alguma coisa no relacionamento ou são meras (e talvez desnecessárias) formalizações? Seriam os rótulos coisa pra inglês ver, uma maneira de autoafirmação? Será que eles nos limitam ou nos ajudam?

É quase algo inevitável para nós. Rotulamos estilos de música e de filmes, de literatura e de pessoas. Consequentemente também queremos etiquetar cada estágio do relacionamento. É que o desconhecido assusta. Então fica mais fácil fazer um pré julgamento e enquadrar numa regra a ser seguida. Nós precisamos etiquetar, porque só existimos a partir do momento em que apontamos a diferença no outro. Nós só nos reconhecemos como indivíduo ao afirmar nossa diferença. Isso explica a nossa necessidade frenética de rotular.

Mas os rótulos são mesmo necessários? Eu me lembro que antes de começar a namorar um cara – quando ainda estávamos naquele meio de campo em que a pessoa não é um reles ficante, mas também não é algo sério a ponto de visitar seus pais – meu então ficante me sugeriu que a gente passasse a “ficar sério”. Eu lembro que pensei: “mas que [*****] é essa?“. Você não quer ter as responsabilidades de assumir um namoro mas quer me roubar a exclusividade? Formalizar a transitoriedade de uma relação que ainda estava amadurecendo? Aquilo foi demais pra mim! Um neorrotulismo que eu não estava com saco pra assumir. Logo eu, que abomino os adeptos de “dar um tempo” no namoro, iria aceitar “ficar sério” com alguém? Não, não, não. Pra mim, seja na alegria ou na tristeza, não há meio relacionamento. Ou você está comigo ou não está. A vida por si só já é complicada demais, então pra quê inventar novos problemas? Pra quê formalizar sentimentos, racionalizar emoções?

Apesar da constatação do Oliver, acho que nossa geração aos poucos têm eliminado esses rótulos e dado vazão à naturalidade em suas relações amorosas. Um exemplo que posso citar é que atualmente está se tornando incomum as pessoas pedirem as outras em namoro. Bem, o ritual arcaico de ir pedir a mão da namorada na casa dos pais já está em desuso faz tempo. Mas, além disso, as pessoas também abandonaram aquele turning point de pedir alguém em namoro, quando elas percebem estão falando para os outros “saí com a minha namorada” sem ter feito ou tido o tal pedido.

E a tarefa mais difícil é exatamente essa: como se referir ao seu parceiro quando estiver conversando com terceiros? E isso é ainda mais foda pra mulher, porque o cara pode chegar apresentando “essa é minha mulher”, que é algo totalmente ok. Agora, se a mulher chega e fala “esse é meu marido”, soa sério demais, se fala “esse é meu homem” parece que acabou de sair de uma caverna da idade das pedras, e se fala “esse é meu companheiro” parece que tá em Cuba se apresentando pro Fidel.

Não sei se etiquetar cada passo do relacionamento é algo realmente necessário ou se é apenas uma marca que nos ajuda a ser identificados e, com isso, moralmente aceitos nas relações sociais. Só sei que, pra mim, o amor é algo inexplicável e imensurável. Algo que a gente só pode sentir, e não classificar. Por isso me incomoda esse excesso de etiquetas que roubam a espontaneidade e a liberdade dos sentimentos. O amor transcende qualquer tipo de etiqueta, porque rótulo é coisa pra remédio. Sem farsas, estereótipos ou cenas: amor é amor."

Fonte: http://www.casalsemvergonha.com.br/2013/07/17/pegar-ficar-namorar-casar-por-que-rotulamos-relacoes-a...

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E aí, vocês acham certo esse questionamento? Particularmente, acho que é importante "rotular" (ou nomear, já que acho a palavra "rotular" meio negativa) quando uma das partes está envolvida e deixa claro que quer uma relação mais tradicional. Isso dá mais segurança de que a pessoa com quem se está relacionando tem planos com seu(sua) parceiro(a)!