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Inventar demais no sexo é um perigo
Xico Sá
Inventar demais no sexo é um perigo
Existem várias maneiras de arruinar a grande noite. A noite dos sonhos, a noite do meu bem, como cantaria Dolores Duran.
Uma delas, além da ansiedade que pipoca no corpo como sarampo, é tentar reinventar a roda, digo, o sexo, como se fosse possível recriar o Kama Sutra.
Não tente reinventar os guias eróticos nas primeiras noites. Ao contrário do que supunha a lindeza do lirismo de Manuel Bandeira, as almas até podem se entender desde o primeiro flerte, os corpos não.
Faça como a moça da canção “Goodbye, Emmanuelle”, do Serge Gainsbourg. Ela não aprendeu a amar nos manuais, ela precisava de sua dose de “eu te amo” pelo menos uma vez por ano.
Não tente reinventar o Kama Sutra nas primeiras noites, deixo o eco como mantra nesta página.
A dramaturgia da cama não é para amadores.
Não é qualquer donzelo que resiste às firulas –supostamente inovadoras- da alcova, à ginástica das pernas, à coreografia dos braços e ao bate-coxa propriamente dito.
A verdadeira e religiosa pornografia é a intimidade. Somente nesse estágio podemos tudo.
Ai sim, quando atingimos esse nirvana, Manuel Bandeira volta a ter razão: podemos até dispensar as almas, pois os corpos já se entendem à vera.
Passa a valer o verso do mesmo poeta: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma”.
Não acredite no pacote completo de óleos para massagens, incensos a granel, vendas nos olhos, algemas e outros badulaques. Isso é o pacote completo da revista “Nova”, mega sugestivo, não necessariamente um grande orgasmo.
Não acredite nas confusas artimanhas de pernas e mil um malabarismos. Isso é coreografia do Circo de Soleil, não obrigatoriamente um bom sexo.
Com tantas acrobacias forçadas, você pode levar o seu parceiro a uma contusão ou até uma fratura mais séria.
Coitado, ele pode ter que fumar aquele cigarro pós-coito em uma clínica ortopédica ou em um milagroso massagista japonês.
Se bem que outro dia, uma dessas jovens inventivas acabou proporcionando um momento inusitado a este velho cronista. Um milagre.
Combalido pela falta de potássio e entregue aos malabarismos da moça, tive um cãibra que fez, por acaso, o maior sucesso. A perna esquerda ficou dura, dei uma mexida brusca, tentando apenas levar a perna ao teto para me livrar da dolorosa contração espasmódica do tecido muscular. Quase morri.
E não é que me consagrei, amigos. A agoniada ninfomaníaca em flor subiu pelas paredes. Viu naquela manobra de sobrevivência a mais avançada técnica indiana.
Acontece. Mas prefira não.
Na dúvida, amigo, amiga, vai pelo método mais simples nas primeiras noites. Concentra. Não adianta querer mostrar que manja dos bambuais do Kama Sutra e fingir uma intimidade que demora meses para ser alcançada.
Xixo Sá
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/10/09/inventar-demais-no-sexo-e-um-perigo/
A verdadeira e religiosa pornografia é a intimidade. 1.000 x
Bom o texto, Ana, minha mui saudosa ex.
Nada como os bons e velhos cheiro, toque e olho-no-olho... ; )
Se não me engano, esse texto é do Arnaldo Jabor...ou da Martha Medeiros.
S2!
Esse texto parece que foi escrito pelo Austra, sei lá.. linguajar, idade, caibras, tudo bate!.... rs
Agora postando sério. rs
Eu concordo. Pq a responsabilidade, via de regra, cai sempre sobre as mulheres? E não é só da cama, é do casamento, dos filhos, da casa...
O Júpiter brincou sobre isso em um outro tópico, Conhecendo ele sei que foi uma brincadeira, mas os machistas de plantão devem ter aplaudido e balançado a cabeça em uma muda concordância.
Foi isso que sempre se esperou da mulher, resolver todos os problemas que surgirem na relação e na casa. Isto desde o tempo que nossas tataravós cozinhavam em fogão a lenha, lavavam roupa na margem do rio e tinham pencas de filhos. Afinal, os homens trabalhavam e as esposas SÓ faziam isso!
Já está mais do que na hora de mudarmos isso. E não espero que os homens o façam de livre e bom grado. Se não partir de nós a certeza que uma relação, um casamento se faz a dois, com a participação de ambos, com certeza deles não será a iniciativa. Pelo menos a grande maioria.
Quem de nós já não pensou que quem precisa "incrementar" uma relação somos nós? Quem já não achou que "inovações" devem partir da nossa cabeça? Afinal, a gente dá conta da casa, dos filhos, do trabalho, do pediatra, da gestação, da amamentação, etc...etc.. Pq cargas d'água isso não ficaria TAMBÉM conosco???!!... Uma coisa a mais, uma a menas, vai para as nossas costas, sem quase sentirmos. O hábito faz o monge.
Nunca fui feminista, nem machista e nem qualquer outro "ista" que o valha. Sempre achei que somos pessoas, independente do gênero. Mas nesse caso, e em alguns outros ( poucos), sou extremamente feminista. Chega da conta do sexo "ser de enlouquecer" cair só no nosso débito.
A pressa é inimiga da perfeição (sim, com algumas exceções)... :)