Não, Nanda, eu que te admiro. Sabe que reli a parte do " não abalou a admiração que eu tinha pelo ser humano super legal que ele sempre foi e continua sendo" e do "nunca foi um mau caráter por causa disso, não para mim, não nessa situação" e fiquei abobada? Abobada por mim, por me dar conta de que não, não superei, apenas estou digerindo isso e, quem sabe, alimentando um câncer. Não quero pra ninguém os sentimentos que ainda tenho por essa história. Não consigo pensar no que aconteceu com essa maturidade, essa compreensão mais ampla do que é uma pessoa e de que ela não se limita a um episódio ou escorregada. Sou super capaz de entender isso nos outros, mas não em mim. Se eu tivesse pisado na bola, carregaria esse peso por toda a vida. Ao pisarem na bola comigo desse jeito, já sei que não esquecerei nunca.

Não sei porque continuo casada. Devo refletir mais sobre isso. O que sei, com base no que ainda sinto por uma história que aconteceu há quase quatro anos, é que ainda sou capaz de matar alguém por conta daquilo, que não sou a única culpada, que não posso carregar sozinha esse piano nas costas, que se a pessoa não estava mais satisfeita ao me ter do lado, deveria ter dito isso com todos os efes e erres. Me coloco na posição do marido da Morena porque muita coisa que ela diz eu também já ouvi em casa, e querem saber? Muitas vezes a disposição de mudar se esvai com os defeitos do outro, com as chatices diárias, com a falta de grana, com o cansaço e as frustrações, com a falta de sedução do outro, a rotina e uma pá de coisas que todo mundo que é casado há anos, como eu, sabe bem como é.

Mesmo assim eu me recuso a aceitar que a culpa disso é de um só. Se a Morena acha o marido dela um bolha, que se separe! Não dá pra entender que alguém mereça ou "peça" pra ser traído, Nanda. A gente nem sabe porque esse cara não faz nada, não tem atitude, não tem boca pra reclamar dos defeitos que ela certamente tem... Eu só não engulo essa vitimização, sabe? Esse lance de que "eu fiz tudo o que podia, disse na cara dele que não o amo mais, que não sinto mais nada, nada, por meu marido, que nem foi tão grave assim eu transar com outro, que até preferiria que ele também andasse com outra por aí porque assim seria mais fácil eu me livrar desse exu", olha... nada disso me convence.

Até entendo que não há benefício no momento em falar no assunto, mas sempre vou achar que o traído tem o direito de escolher se pode lidar com a galhada que recebeu.

Espero que tu entenda sem achar que estou antagonizando contigo, pois a tua opinião me é caríssima.