Ilustração: wallcoo.net

Eu e meu marido somos almas viajantes, amamos ir e vir, claro que depois que os dois pitocos adentraram em nossa vida, nada é mais tão simples assim. Antes, era só decidir e pegar a mochila, hoje, arrumar mala para quatro exige fôlego e raciocínio.

Estive um mês longe da minha casa, dos meus pequenos confortos, das minhas roupas, dos meus sapatos e descobri que nada fez tanta falta assim. Me senti até mais leve. Sem tanta coisa para carregar, organizar e pensar. Eu era apenas mais uma na multidão, com um lenço amarrado no cabelo, documento no bolso de um short qualquer e havaianas coloridas no pé.

Fui pra bem longe de mim, não pintei unha, não sequei cabelo com secador, não maquiei, era quase uma ermitã. Preciso admitir que essa parte foi estranha, porém um tanto mais fácil. Ser mulher dá um trabalho danado. Gostei de tirar férias de mim. Mas não abri mão da vida saudável, corri muito, endorfina e brisa do mar batendo no rosto é uma combinação perfeita.

Descobri nessa imersão, que esse “sair fora”, dá uma zerada na própria vida, como se tudo estivesse recomeçando em outro lugar. A parceria se estreita, afinal são 24 horas de companheirismo. Ou vai ou racha de uma vez.

Sim, eu sei que - tudo que se precisa nessa vida é viver – agora colocar essa pérola em prática dentro de um “apertamento” é o bicho, tivemos momentos de doideira geral. Crianças estranham um ninho novo, gostam de sua rotininha, de seus brinquedos, de seu quartinho... Houve dias chuvosos de “enlouquecer gente sã”, porém a busca por dias melhores fizeram valer a caminhada... Renato Russo já dizia: “Espera que o sol já vem”.

E ele realmente veio. Afinal o desgaste emocional faz parte do crescimento, dói, mas engrandece, fere, mas enaltece, amedronta, mas fortalece. Foi uma experiência enriquecedora, uma renovação dos votos do enlace, uma aproximação da família.

Zeramos nossos corações, o aprendizado teve início e fim, como uma etapa vencida e ao mesmo tempo vencedora.