Passou rápido demais e eu nem percebi.
Eis que me encontro, confortavelmente instalada, na casa dos cinquenta. Ok, mostrei minha certidão de nascimento!

Aconteceu de forma quase imperceptível: pisquei, abri os olhos novamente e vinte anos ficaram pra trás! 

Creiam, acontece mesmo desse jeito.
Cumprindo a lei da vida, o inevitável chegou, o tempo passou!
Aliás, passou não, voou!

É nessa época da vida que você começa a receber uns elogios diferentes...
" - Oh! Como você está bonitona"! Eu já acho que “bonitinha” é uma feinha arranjada, "bonita" está na palavra certa e "bonitona" só pode ser pra quem já passou dos “entas”. Aff!

Ou então saem com uma assim: você é muito conservada!
Caraca, me sinto um próprio vidro de pepino...

É... Invariavelmente cheguei a um estágio em que todos os elogios são bem-vindos, até o do carroceiro me faz feliz...

Mas, analisando um pouquinho o passado e o presente que chegou rápido demais, eu diria que nesses anos, muitas coisas mudaram e outras, apenas ficaram diferentes. Nem piores ou melhores que antes, apenas diferentes. 

Por exemplo, antes costumava jogar tênis e participava de competições, enquanto hoje eu já prefiro correr, sem pretensões de vencer adversário algum. 

Aos trinta, minha casa, meus filhos e meu trabalho me ocupavam full time – não conseguia dar vazão a outros nortes. Aos cinquenta, meus projetos estão a mil e a inventividade sempre solta, muito à vontade na minha cabeça.

Aos trinta, estava envolvida com tantas coisas que mal tinha tempo para pensar em mim – casa, marido, filhos pequenos – uma canseira danada.
Aos cinquenta, estou invariavelmente comprometida com vários planos, o que faz que muitas vezes eu esteja acabada e só tenha vontade de pensar em fazer coisa alguma!

Aos trinta, lembro de noites mal-dormidas, crianças no maior chororô.
Aos cinquenta, tenho insônia por nada! Aff!

Aos trinta, brigava por qualquer motivo, afinal tudo era muitooooooo importante!
Aos cinquenta, pago para não brigar, não quero mais ter cobranças de duplicatas para pagar!

As maiores diferenças entre os trinta e cinqüenta são as percepções que se tem sobre si mesma, sobre os outros e a vida.

Acho que estou menos crédula de que o fim levará muito tempo para chegar, depois que vi passarem vinte anos, apenas num piscar de olhos...

Aos cinquenta, apesar de tentar corrigir as minhas falhas e me esforçar para conservar as minhas qualidades, tenho a pretensão de acreditar que estou mais sábia, ponderada e mais centrada.
Afinal, de alguma forma, a maturidade tem que servir para alguma coisa que não seja somente a pele despencando e as rugas que teimam em se exibir!