Reprodução: gettyimages

Tenho observado o mar dias a fio.
Não há sequer um dia igual ao outro.
Deve ser interessante viver como o mar.
Ser diferente a cada dia, sem rotina, sem mesmice.
Por outro lado, não há dia sem ondas, podem ser pequenas, grandes, para a esquerda ou direita, mas sempre há.

Isso me mostra que um pouco de rotina é necessária. Do contrário, seríamos uns doidos insanos a pular de galho em galho, com a mente inquieta para tentar algo novo a cada manhã.
Às vezes, paro para pensar como teria sido, se lá atrás tivesse colocado uma mochila nas costas e tivesse tido uma boa dose de coragem de largar minhas pequenas conquistas pelo Big Ben ou pela Eiffel.

Tantos eram os caminhos, quantas ondas passaram... É interessante imaginar a infinidade de coisas que eu poderia ter vivido. Dá até uma certa nostalgia. Uma vontade de voltar naquele inicio e trilhar outras possibilidades, mas como diz uma grande amiga e “entendedora de gente” a escolha que fizemos lá atrás geralmente é a mais acertada para aquele período da vida, meio que na intuição tomamos a decisão certa. Mas é uma graça pensar que poderia ter sido uma hippie pelas ruas de Londres ou uma cantora nos botecos de Amsterdã ou então uma babá nos bairros chiques de Paris (rsrsrs)... Apesar da minha sensibilidade de libriana, tenho certeza que não viveria com toda a intensidade que essa liberdade traria, mas acredito que o aprendizado dessa experiência teria sido algo significativo na minha existência, assim como foi ter filhos.

A experiência da maternidade na vida de uma mulher é como um marco zero existe um antes e um depois. Pode ser o inicio da mais bela experiência como também da mais difícil de uma vida. Vai depender de como esta mulher estiver emocionalmente. Vai depender da parceria escolhida e da estrutura, tudo pode influenciar, na real, pra tudo terá uma explicação sempre, mas para o amor não. Essas criaturinhas que adentram em nossas vidas são espaçosas e altamente viciantes, nos envolvem, nos cativam e conseguem nos mostrar o nosso melhor e o melhor da vida, que já estava ali, bem embaixo do nariz e a gente nem percebia.

Conseguem mostrar que deitar e rolar no chão pode fazer a barriga doer de tanto dar risada larga e gostosa, que um doce vale qualquer tentativa de persuasão, que um abraço apertado é energia vital e passa como corrente elétrica entre os corpos, que um colo, uma história, um cafuné ou uma canção de ninar é o calmante mais poderoso da face da terra, que mãos dadas e um olhar atento são a melhor “zeladoria” que se pode ter, que um sorriso gera outro sorriso e que ter optado por tê-los foi a melhor escolha da vida.

E assim, às vezes meu coração é calmaria, outras vezes paixão, com ondas que vem e vão de puro carinho e gratidão.