A gente que tem insônia não sintoniza muito bem com os dorminhocos.

Nem consegue entender como as pessoas podem ter tanto sono. Será que não é pura perda de tempo ficar dormindo, zzzzzzzzz e zzzzzzzzz.

Você já se perguntou quanto tempo de vida - não contabilize - se perde de aproveitar quando estamos dormindo?

Tem noites que se passa acordado, seja lá o motivo que se perdeu o sono, vamos tirar proveito disso e fazer alguma coisa, penso eu.

Tal como ler um bom livro, olhar aqueles DVDs antigos, dar uma conferida nos DVDs de festinhas de aniversários - esses são o maior barato – porque além de ver quem a gente nem vê mais, até defunto vivo a gente vê.

Outra coisa legal de fazer é escrever, como tô fazendo agora. Pra ninguém em especial, sem nenhum tema definido – simplesmente escrever. Quem sabe você não se descobre um escritor enrustido?

Tem também aquela noite que a gente, além de não dormir legal - não deveria acordar, porque o dia começa com o pé esquerdo – vou contar um desses.

Quando levanto da cama e já saio pisando na pata do cachorro que insiste em dormir grudado ao lado da minha cama, sinto que alguma coisa diferente vai rolar.

Não dá outra, bato meu dedinho mingo do pé na quina da cama – ui, que dor! Tento apressar, tô mega atrasada para um compromisso na primeira hora da manhã - como odeio marcar horário no início do dia – parece que sempre dá tudo errado e acabo chegando tarde.

Chego na garagem do prédio e vejo que esqueci a chave do carro, subo para pegar e a empregada aproveita para avisar que a lavadora de roupas pifou ontem. Solto um grunhido de raiva e me pergunto se tenho cara de assistência técnica – óbvio que a empregada não escuta, né? – vá que ela resolva ir embora!

Daí a coisa toda começa a ficar com jeito trágico-cômico porque no caminho para meu encontro percebo que estou com um pneu furado, decido abandonar o carro e chamar um táxi pra não me atrasar ainda mais.

Cadê meu celular que sempre está dentro de minha bolsa? Lembro que atendi uma chamada dentro de casa e não recoloquei o bonitinho de volta pro seu lugar.

Nesse momento já começo a apelação – abordo, sem a menor cerimônia uma pessoa que está passando e peço o celular dela emprestado e não deixo margem para negociação de negação.

Tudo acertado - meu carro abandonado, porém trancado - o táxi chega em questão de minutos e finalmente parto rapidamente para meu destino. Ainda bem que vou chegar a tempo. Quando abro a minha carteira a fim de pagar a corrida, constato que não tenho um, sequer um mísero real na minha carteira.

O resto do dia nem precisa contar; uma série de desacertos.

Você já passou por algo parecido? É um dia de merda mesmo, que você torce para ele acabar logo e passar para o seguinte.  

 Esse dia foi perdido? Não mesmo! Hoje, por exemplo, estou rindo ao lembrar dele e compartilhar isso com você.

O dia ruim passou e outra noite insone voltou!  Às vezes bate a vontade de bater um papinho, não é mesmo? Pô, seu cara-metade ali do ladinho e você só querendo puxar um papo-cabeça.

Fala sério, o cara não acorda mesmo – só se você ficar bolinando o peru, porque senão -  pode cutucar, dar uns pinotes na cama ou mesmo gargarejar (estilo coçar a garganta), pra ver se ele compadece da sua insônia.

Se ele continuar morto, você tem duas opções: ou enfrenta um sexo animal no meio da noite ou vá aproveitar seu tempo de outra maneira.

Seja feliz, nem que pra isso você escreva esse amontoado de besteirol como estou fazendo, não fique na cama pulando de um lado pra outro, tentando pegar no sono - parta para alguma coisa que lhe dê prazer.

Por exemplo, prazer pra mim é escrever pra você!

Maya

Postado em:
junho/2008