“A vida começa aos 60”

maya
Postado em:
07/05/2012 - 16:46
Ilustração: wallcoo.net

O título da reportagem captou minha atenção.
Embora eu estivesse folheando uma revista sobre viagens, não pude deixar de me interessar pela “tal vida” que começava aos 60.

Não consegui saber muita coisa pessoal sobre a protagonista da aventura, a não ser que ela tinha 60 anos e uma filha (imagino grandinha) que andava por Londres.

A história dela resumidamente é que, em função de trabalho, agenda de horários apertada e pouca folga de tempo, aliados a grana curta, tinham impossibilitado-lhe de experimentar as delícias de viajar.

Agora, mais madura, com tempo a disposição e um dinheirinho para investir, resolveu peregrinar por quatro meses pela Europa.
Isso lhe rendeu boas histórias para compartilhar e, devido ao desgaste da grande jornada, aleluia: 4 quilos menos na balança!

Resolvi me intrometer na vida da criatura, que aos meus olhos, virou uma espécie de heroína. Pensei: resta esperança para mim também!

Dias atrás a Dudy escreveu no seu blog o título “Ondas da vida”.
Um tema a respeito das escolhas que fazemos no decorrer de nossas vidas.
Ficava subtendido que talvez hoje não nos pareçam tão boas escolhas assim, se espiarmos o “quintal” da vizinha, que leva aquela vida solta, mais folgada de contas a pagar e sem muitos compromissos.
Que felizarda a nossa vizinha!

Minha amiga dizia que embora ela tenha tido oportunidade de soltar as asinhas, voar para muito longe e se aventurar no mundo quando ainda era jovem (embora ainda seja...), decidiu pelo casamento e filhos.
Compromisso total com a instituição familiar!

Penso que foram as escolhas que também fiz, embora bem mais cedo que outras mulheres.
Aos 23 anos já era mãe.
Com 25, tinha um casal de filhos.
Adoráveis e saudáveis, porém nem me lembro de como era a minha vida na época, as recordações são somente deles...

Imagino que o histórico da mochileira de 60 anos, não seja assim tão diferente do nosso e de tantas outras mulheres – muitas aspirações soltas, perdidas na vida...

Segundo minha imaginação, acredito que ela tenha vivido um longo tempo dedicada ao trabalho e a família.
E, agora mais “adulta” resolveu se presentear e alinhar verdadeiramente seu desejo, seu sonho de viajar pelo mundo.
O que talvez tivesse feito quando mais jovem, caso pudesse...

Confesso que já me passou pela cabeça tramar algo do gênero ou muito parecido, mas não de viagem solo, como foi a proposta da sessentona.

É preciso muita vontade e coragem para se animar e na primeira viagem, ficar tanto tempo fora e sozinha, e ainda, entregue a sua própria sorte.

Talvez ela tenha se inspirado em Elizabeth Gilbert, autora do livro Comer, Rezar e Amar. Quem sabe...

Iracema, nome da protagonista, conheceu 40 cidades diferentes, principalmente entre Itália e França.

A querida (já estou íntima) saiu do Brasil praticamente com passagens, documentos e bagagem.
Só começou a decidir seu itinerário depois de alguns dias, quando se encontrava em Peschiera – uma cidadela próxima a Verona, na Itália, a qual eu nunca tinha ouvido falar e agora já estou louca pra conhecer!

Sentiu medo.
Teve momentos em que se viu no meio de línguas que nada entendia, impossibilitada de trocar ideias.
Com receio de se perder (feito criança) adotou o sistema de anotar os caminhos num caderno, pra não ficar abrindo mapas pelas ruas.
Traçou roteiros que não deram certo, mas encarou isso como lições.

Por outro lado, aproveitou a sensação de decidir tudo por si mesma.
Agregaram em seu portfólio, experiências ímpares.
Percebeu que não era a única mulher que viajava só pela Europa, conheceu várias colegas e se tranquilizou. Pelo menos nisso, não estava sozinha.
Soube aproveitar a oportunidade de entrar sem acompanhante em restaurantes na Itália atrair todos os olhares e a garantia de tratamento especial.
E percebeu que viajar completamente desacompanhada também têm as suas vantagens.

Essa mulher madura deve ter voltado para o Brasil mais moçoila.
Carregando com leveza uma bagagem pesada e indescritível que particularmente, pertence aos viajantes.
Talvez um pouco cansada, porém muito mais confiante e, com o corpo e alma arejados de novos e bons ares.



Amiga ameiiiiiiii! Muito bom, muito bom! E não é que vou ser dessas sessentonas, dexá comigo! bjooo querida, por onde vc estiver...


amiga querida...

estou sitiada em Siena e me esbaldando numa outra Toscana, que não havia visto na primeira vez...

nem tem como falar da beleza desta região que o maridão está paitrocinando para nós.

bjo gr, estou já com saudades!


Ótimo o texto... Passarei a amigos, para verem que muitas vezes, a maturidade não tem data determinada para chegar...


Passe mesmo, pode ser mesmo um belo insentivo para eles.

bjo!